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Weintraub foge do bloqueio orçamentário, mas deputados cobram explicações

Obrigado a comparecer ao Congresso para esclarecer cortes nas universidades, ministro da Educação não apresenta argumentos plausíveis. Sociedade mostra indignação em manifestações por todo o Brasil. Bolsonaro chama protestantes de "idiotas úteis"


Weintraub foge do bloqueio orçamentário, mas deputados cobram explicações
Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Condsef/Fenadsef

Enquanto 50 mil pessoas protestavam na frente do Congresso Nacional em defesa da educação pública e da Previdência Social, na última quarta-feira, 15, do lado de dentro da casa parlamentar, o ministro Abraham Weintraub atendia à convocação dos deputados para prestar esclarecimentos a cerca de cortes orçamentários realizados na educação brasileira, especialmente nas universidades e nos institutos federais.

Se para o ministro o grande problema das universidades são os comunistas, o titular da Comissão de Educação na Câmara deputado Pedro Cunha Lima (PSDB-SP), lembrou o representante do MEC que existem problemas muito mais graves para serem resolvidos no País do que censurar Paulo Freire das ementas disciplinares. A fala evidencia que a crítica à política educacional de Bolsonaro não vem apenas da oposição, mas envolve partidos de direita e do centrão.

Cunha Lima, parlamentar conservador, questionou o ministro sobre o futuro do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), que atende toda a educação básica, da creche ao ensino médio, e que pelas regras atuais se encerra em 2020. "Temos questões sólidas [para resolver], diagnósticos escancarados que precisam de uma solução. Queremos construir essas soluções, mas para isso não podemos sacrificar o orçamento do MEC e não podemos fugir do debate que é evidente", criticou.

A fala inicial de Weintraub no Plenário da Câmara fugiu do tema principal da tarde, referente ao bloqueio orçamentário que ordenou para as universidades e institutos federais, ponto central de protestos contrários e o grande catalisador das manifestações do 15 de Maio em defesa da Educação. Pelo desvio do debate, o ministro foi cobrado pelos deputados presentes na Casa. 

A líder da minoria, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), chamou a apresentação do ministro de cínica por não ter explicado nada do que foi exigido. A análise da deputada é de que o bloqueio orçamentário vem para forçar o sucateamento do ensino público e, posteriormente, forçar privatizações de um direito constitucional."Diante da sua formação no mercado financeiro, quer privatizar o ensino público brasileiro", declarou na tribuna do Plenário.

O líder da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ) também cobrou o ministro. "O que se percebe é uma tentativa de perseguir as universidades, de atacar a produção de conhecimento, de amedrontar o pensamento crítico brasileiro e de destruir a educação como caminho para o Brasil", discursou.

Repercussão internacional

As manifestações que ocorreram na quarta, 15, e mobilização milhões de brasileiros em defesa da educação foram manchete também na imprensa internacional. O jornal estadunidense The New York Times, o alemão Deutsche Welle, a Fox News, a agência Reuters e The Guardian noticiaram os protestos brasileiros. O principal jornal impresso da Grã-Bretanha entrevistou participantes dos atos.

Uma delas foi Barbara Ottero, graduada e mestra por uma universidade federal atacada pelos cortes de Bolsonaro. “Eles transformarão a educação em algo completamente inacessível. É praticamente uma privatização. Meu pai era desempregado quando eu entrei na universidade, não tinha condições de pagar minha educação. [Esses cortes] são uma injustiça para os estudantes", publicou o The Guardian.

Professores seguem em ampla mobilização contra o bloqueio orçamentário e convocam todos para se somarem à Greve Geral de 14 de junho, que deve ser maior do que os atos desta semana. A intenção é defender a educação pública e a Previdência Social, além de mostrar indignação com relação aos desmontes do Estado, promovidos por Bolsonaro.






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