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"Reforma passa por tempo maior de serviço e cobrança de pensionistas"

Mourão nega protagonismo no governo: 'Eu sou o vice'. General afirma que, durante a campanha presidencial, foi obrigado a entender o papel de candidato e acabou levando umas 'cacetadas', mas que está mais confortável e nega protagonismo


Foto: Minervino Junior/CB/D.A Press

Correio Braziliense

Na próxima segunda-feira, o general Hamilton Mourão, 65 anos, assume interinamente a Presidência da República. Será o comandante do país por cinco dias, até a sexta-feira, quando o titular do cargo, Jair Bolsonaro, voltará do Fórum Econômico Mundial, em Davos (SUI). “Será tranquilo. Mantenham-se as ordens em vigor. Isso é clássico”, disse o vice, que deve despachar do próprio gabinete, na sala 104 do Anexo II do Palácio do Planalto.

Até chegar ao gabinete, é preciso, por indicação dos assessores, passar por duas salas de descompressão, uma formalidade quebrada por Mourão logo na primeira pergunta sobre como os repórteres poderiam se referir a ele: vice-presidente ou general? “Podem me chamar de milico, como quiserem.”

O general nega um protagonismo no Planalto e garante estar focado nas atribuições do cargo, como relações bilaterais. “Eu considero a campanha um período muito mais complicado que agora. Agora, estou em uma posição mais confortável”, afirmou. “Muitas vezes, aquilo que você pode falar de uma forma mais livre, o candidato não pode. Até entender isso, levei umas cacetadas.”

Durante a entrevista de pouco mais de 40 minutos, Mourão defendeu aumento de contribuição dos militares e o decreto de posse de arma assinado por Bolsonaro na terça-feira. Sobre o caso envolvendo a nomeação do filho Antonio na assessoria do Banco do Brasil, disse que não procurou o presidente nem foi procurado. “Não houve conversa. Nem ele me telefonou para saber o que estava havendo nem eu telefonei.”

Ao assumir a Vice-Presidência, decidiu ficar de vez em Brasília, mesmo nos fins de semana — ele morava no Rio. “A minha relação com Brasília é excelente. Conheço a cidade desde 1973, tempo em que não havia semáforo na W3. Não tinha ponte no Lago, e o único lugar para sair à noite era o Gilberto Salomão. Aí, você tinha que ir ao aeroporto para ir ao Gilberto.” A seguir, os principais trechos da entrevista:

O papel do vice-presidente é de alguém discreto, mas o senhor tem assumido um protagonismo maior.
Eu acho que o protagonismo ocorreu na campanha, na transição, pela própria maneira como nosso governo procurava se encaixar. Mas, agora, à medida que o governo passa a andar com as próprias pernas e ter uma velocidade de trabalho normal, a figura do vice-presidente entra em uma posição secundária. A realidade é essa.

Alguma missão passada por Bolsonaro?
Por enquanto, tenho aquelas missões que, por legislação, estão com o vice, que são as comissões bilaterais com China e Rússia. Estamos começando a refazer esses trabalhos, que pararam em 2015, quando deixamos de ter vice-presidente. Então, já estamos há quatro anos sem ter reuniões com os dois países, ambos pertencentes ao Brics, e com toda a carga de relacionamento que há com eles.

Daqui a uma semana, o senhor estará sentado na cadeira de presidente, uma vez que Bolsonaro estará em Davos. O que muda?
Nada. É tranquilo. Mantenham-se as ordens em vigor. Isso é clássico.

O senhor vai despachar daqui ou do Planalto?
Daqui, lógico. O que tiver de ser despachado, será daqui.

Qual é a avaliação que o senhor faz das primeiras semanas de governo?
O principal acerto do governo está na escolha de pessoas que estão nos ministérios, as pessoas que estão sendo escolhidas, aos poucos, para compor o restante da equipe. Eu acho que não é um trabalho simples, até pela proposta que o presidente Jair Bolsonaro se colocou e, a meu ver, ele está sendo muito feliz.

O senhor está confortável com o ambiente?
Sim, tranquilo. Tenho 46 anos de Exército, inclusive, em vários locais do país. Isso aqui é mais um. É aquela história: é diferente da vida a que eu estava acostumado, mas já havia tido o aperitivo ao longo da campanha. Eu considero a campanha um período muito mais complicado do que agora. Agora, estou em uma posição mais confortável. Eu sou o vice.

Por que foi mais complicado?
Pelo fato de eu ter entrado no último minuto e, já logo, aconteceu aquele incidente (a facada) com o presidente. Foi um momento complicado. E você adaptar o seu discurso à realidade que, muitas vezes, aquilo que você pode falar de uma forma mais livre, o candidato não pode. Até entender isso, levei umas cacetadas.

Um exemplo seria a questão do fim do 13º salário?
Não é só a questão do 13º. Até que essa não foi nada de mais. São coisas que você diz normalmente, às vezes, até em tom de brincadeira, e não são bem interpretadas.

O senhor considera que, neste momento, está preparado para isso e mais comedido no sentido de se adequar a essa realidade?
Não é que eu esteja comedido. É que agora estou em uma posição em que tenho mais liberdade para exprimir meu pensamento do que em uma campanha. Na campanha, existe muito o ‘disse me disse’, e as coisas são um pouco mais diferentes. Agora, estou mais confortável.

O senhor mudou de posição em relação a essas críticas depois que se sentou na cadeira de vice?
Não, as minhas posições são muito claras. As coisas que acredito são bem claras. Não vou deixar de ter, aos 65 anos, quase 66 anos, um núcleo de pensamento que não vai mudar. O que você pode, e a própria idade traz isso, é flexibilizar algumas coisas. Então, eu me sinto tranquilo com isso aqui.

Quando o projeto de reforma Previdência será apresentado?
Só será divulgado após a volta do presidente da viagem a Davos.

Ele não vai nem apresentá-lo em Davos?
Não, ele não vai apresentar. Ele vai falar que existe o projeto.

Depois de Davos, Bolsonaro seguirá direto para a cirurgia ou vai haver um tempo?
A cirurgia dele é no próximo dia 28. Ele volta de Davos no dia 25. Acho que ele chega no período da manhã e, talvez, ainda dê expediente na sexta-feira. Então, pelo que entendi, vai ser apresentado. É que são várias linhas de ação. Usando aquela nossa terminologia, elas misturam o ‘quê’ e ‘como fazer’. Ou seja, você tem de variar para atingir o objetivo, e ele vai decidir por uma delas.






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