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"Anos de chumbo" voltam a assombrar com inflação e salários congelados

Na semana passada o site Metrópoles publicou vídeo onde fizeram a comparação da diferença de preços em produtos de supermercado em 2018 e agora. Ficou claro que, na prática, a inflação tem mexido com a alimentação dos brasileiros, mas não só


Imagem/Metrópoles

Condsef/Fenadsef

A maioria dos servidores federais que viveu a década de 90 sabe o significado da expressão "anos de chumbo". Foi como principalmente os oito anos de governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) ficaram conhecidos já que no período houve forte arrocho e muitos anos de salários congelados. À época, inclusive, muitos servidores precisavam de uma complementação em seus vencimentos básicos, já que o valor era inferior ao salário mínimo e, por lei, um trabalhador não pode receber menos. 

Agora, em 2022, essa situação volta a assombrar a maioria do funcionalismo. A categoria tem vivido uma volta a esses tempos com a inflação batendo recordes e superando valores de 1994, sem sinais de ceder, e um arrocho salarial de pelo menos cinco anos. Além disso, aumentam a revolta comentários infelizes como o de Paulo Guedes, ministro da Economia, que já disse que conceder reajustes a servidores poderia destruir a economia e trazer de volta a inflação

Na semana passada o site Metrópoles publicou vídeo onde fizeram a comparação da diferença de preços em produtos de supermercado em 2018 e agora. Ficou claro que, na prática, a inflação, piorada pelo governo Bolsonaro, tem mexido com a alimentação dos brasileiros, mas não só. A alta dos preços atinge outros itens essenciais como gás de cozinha, combustível, medicamentos, bem como planos de saúde.

"É um absurdo querer colocar na conta dos servidores que estão com seus salários congelados os efeitos perversos provocados por esse governo", destaca Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da Condsef/Fenadsef. "Não podemos admitir que retrocessos tão grandes aconteçam em nosso país", pontuou.

Enquanto isso, o governo Bolsonaro ventila para a imprensa propostas ao funcionalismo, entre elas a possibilidade de 5% linear, no entanto, sem detalhes e sem abrir um canal efetivo de negociações com representantes da categoria. Natural que nesse cenário haja receio e muitos questionamentos por parte dos servidores. Entre as dúvidas está saber se o percentual seria aplicado apenas no vencimento básico ou no valor total do salário. Outro ponto é entender se aposentados e pensionistas estariam contemplados e como.

Fato é que o próprio governo com suas políticas de austeridade está piorando a crise econômica e social no Brasil que hoje, ultrapassa a questão do desemprego. Todos os brasileiros estão sofrendo com a alta inflacionária e congelamentos salariais. Um estudo da PUC-RS constatou que a renda média dos brasileiros no último trimestre de 2021 foi de R$ 1.378 em regiões metropolitanas. É o menor valor da série histórica do boletim Desigualdade nas Metrópoles, iniciada em 2012.

'Não aceitamos retrocesso'

A maioria dos servidores do Executivo reivindica uma recomposição salarial emergencial de 19,99%. O percentual é referente às perdas de um período de três anos de governo Bolsonaro. "É preciso afastar de vez o risco do retorno aos anos de chumbo que tão mal fizeram aos servidores e aos serviços públicos brasileiros", aponta Sérgio. "Não aceitamos retrocesso", reforçou. 

A tática de Bolsonaro vem sendo a de empurrar a crise com o funcionalismo enquanto seu governo ganha tempo usando a mídia para testar a reação dos servidores a propostas que vão sendo ventiladas sem nenhum respaldo formal.

Só a ampliação de nossa mobilização pode conseguir avanços nesse cenário. Não é mais possível suportar a falta de diálogo, conviver com o aumento da inflação, a falta de investimentos no setor público, o congelamento e o arrocho salarial imposto por esse governo.

Em ano eleitoral não podemos nos deixar levar por mentiras e muito menos por promessas. Seguiremos firmes e em luta até sermos atendidos.






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