O Globo
O relator do arcabouço fiscal na Câmara, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), inseriu “gatilhos” no texto, ou seja, medidas de correção automática de despesas, caso a meta fiscal de um ano não seja cumprida. As mudanças no texto foram anunciadas após reunião de líderes na Câmara.
Na reunião, ficou decidido que a urgência do projeto do novo arcabouço fiscal será votada no plenário da Casa até quarta-feira. Se passar pela votação, o projeto vai direto ao plenário, sem precisar passar por debates em comissões específicas para o tema. A votação da proposta em si deve ficar para a semana que vem.
O presidente Lula conseguiu garantir que o reajuste do salário mínimo e o Bolsa Família fique fora das sanções previstas em caso de descumprimento da meta.
— O salário mínimo e bolsa família são excepcionalizados. O Bolsa por ser uma despesa obrigatória, o salário mínimo porque houve acordo — disse Cajado.
Se as metas foram descumpridas no primeiro ano, ficam proibidas:
Se as metas foram descumpridas por dois anos, ficam proibidos:
O presidente poderá apresentar ao congresso uma compensação para que não haja as vedações da lei, de acordo com Cajado.
— Estamos colocando alguns gatilhos pelo não atingimento da meta — disse Cajado, após se reunir com líderes.
Em reunião pela manhã, o presidente Lula pediu à sua equipe para blindar o Bolsa Família e o aumento real do salário mínimo das sanções previstas no novo arcabouço fiscal.
Para 2024, a meta é zerar o déficit público. Em 2025, a expectativa é de um superávit de 0,5% do PIB. No ano seguinte, um superávit de 1% do PIB. Há críticas entre especialistas e parlamentares de que não haveria medidas para garantir essas metas. Por isso, o relator passou a desenhar medidas para restringir novos gastos.
As medidas de correção substituem uma punição criminal ao presidente da República e aos gestores federais que descumprirem a meta fiscal. A falta de responsabilização criminal vinha sendo criticada por especialistas e agentes do mercado financeiro.
Para o relator, a criminalização faz o gestor propor metas que não sejam ambiciosas. Hoje, é crime de responsabilidade descumprir metas, mas elas são frouxas ou alteradas ao longo do ano.
— Uma coisa é você fazer as sanções da gestão, outra é você criminalizar o gestor. A criminalização está descartada — disse Cajado.
Cajado afirmou que está encaminhado não serem propostas emendas (sugestões de alterações para serem votadas separadamente) ao texto.
— Está mais ou menos encaminhado que não deva ter apresentação de emendas, nem destaques, porque houve um acordo aqui — disse o relator.
Cajado afirmou que os deputados estão cientes de que essa é a lei mais importante do ano.
— Todos os acordos é no sentido de ter credibilidade das contas públicas — garantiu.
Cajado afirmo, porém, que ainda serão feitas novas rodadas de conversas com bancadas e que o texto ainda pode ser alterado.