Condsef/Fenadsef
As incertezas com relação a intenção do governo Bolsonaro para conceder reajuste ao funcionalismo público são cada vez maiores. Todos os dias uma nova declaração desencontrada é dada ou pelo próprio presidente Bolsonaro, ou por seus ministros, ou membros do governo.
Em entrevista coletiva na última sexta-feira, 22, o ministro da Economia, Paulo Guedes, entrou em contradição com suas últimas declarações e defendeu o reajuste linear de 5% para os servidores federais alegando que a alternativa seria "eleitoralmente factível". Em outra oportunidade o próprio ministro afirmou que um reajuste salarial para servidores poderia 'destruir' a economia trazendo a volta da indexação do período de hiperinflação, anterior ao Plano Real.
"Essa é só mais uma mentira desse língua de cobra que está sempre pronto a destilar veneno contra o funcionalismo", comentou na ocasião o secretário-geral da Condsef/Fenadsef, Sérgio Ronaldo da Silva. "A inflação está acontecendo por incompetência desse governo. Guedes usa desse discurso quando servidores estão há mais de cinco anos com salários congelados. É inadmissível querer jogar a culpa dos problemas da economia nas costas dos trabalhadores", completou.
Além das contradições de Paulo Guedes, servidores seguem recebendo informações divergentes, todas, vale ressaltar, através da mídia, já que o governo insiste em não abrir um canal de negociações efetivo com representantes dos servidores públicos. Também na sexta, o ministro da Justiça, Anderson Torres, divulgou mensagem em seu Twitter informando que a única certeza no momento é que "nenhuma decisão está tomada. O martelo não foi batido".
Torres foi escalado por Bolsonaro para tentar dialogar com categorias de segurança pública insatisfeitas com o anúncio de reajuste linear de 5%, já que Bolsonaro havia sinalizado reajuste apenas a esse setor, o que deu início, ainda no final do ano passado, à crise instalada com as demais categorias do Executivo Federal.
Com movimentos de mobilização e greves já em curso, o governo vem usando a mídia como intermediária no diálogo com o funcionalismo, já que insiste em não negociar com a categoria. O Fonasefe protocolou mais um pedido de audiência junto ao Ministério da Economia, na próxima quinta, 28. É visível que a maioria segue insatisfeita com a última proposta ventilada de 5% linear.
A maioria dos servidores federais está com salários congelados há mais de cinco anos e acumulam perdas salariais superiores a 40%. Só no ano passado a inflação superou os dois dígitos e nos três primeiros meses desse ano bateu novos recordes. Em março a alta dos preços foi a maior para o mês desde o início do Plano Real.
A partir dessa terça, 25, até sexta-feira, 29, atividades em todo o Brasil marcam mais uma Jornada de Lutas reforçando a mobilização em torno da luta por uma reposição salarial emergencial para servidores públicos federais. A participação de todos é fundamental para cobrar do governo a abertura de um canal efetivo de negociações com representantes da categoria. Na quinta, 28, uma caravana com servidores de outros estados chegará a Brasília para reforçar as atividades da Jornada de Lutas.
Frente a idas e vindas e diferentes declarações, o fato é que o governo não apresenta nada de concreto para o funcionalismo. Avanços nesse cenário só serão possíveis se a categoria ampliar seu processo de mobilização.
"A história nos mostra que só nossa luta e nosso poder de mobilização nos garantem. A luta que a gente perde é a luta que a gente não faz", aponta Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da Condsef/Fenadsef que representa 80% dos servidores do Executivo Federal, entre ativos, aposentados e pensionistas. "Só na luta, na mobilização, na pressão, no fortalecimento das greves a gente vai arrancar recursos que governo está escondendo", reforça.
Para entidades representativas dos servidores públicos só não terá reposição salarial se Bolsonaro não quiser. Na Lei Orçamentária, foram destinados R$ 37,6 bilhões para emendas parlamentares, dos quais R$ 16,5 bilhões são do "orçamento secreto", além de R$ 2 trilhões para pagar os juros da dívida pública.
Não é mais possível suportar a falta de diálogo, conviver com o aumento da inflação, a falta de investimentos no setor público, o congelamento e o arrocho salarial imposto por esse governo. Em ano eleitoral não podemos nos deixar levar por mentiras e muito menos por promessas, ao invés daquilo que nos é de direito. Seguiremos firmes e em luta até sermos atendidos.