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Disputa do orçamento adia reforma administrativa

Lançamento de frente parlamentar de apoio ao texto foi adiado. Governo retarda envio do projeto, aumentando tensão entre servidores


Disputa do orçamento adia reforma administrativa
Foto: Arquivo/Agência Brasil

Metrópoles

Sem prazo. É assim que está o envio da reforma administrativa pelo governo ao Congresso Nacional. O embate envolvendo o orçamento impositivo (que acabou em acordo entre Planalto e Congresso) indiretamente “postergou” ainda mais o início das discussões das mudanças no funcionalismo público. A proposta do governo se arrasta desde o ano passado, sem uma definição formal.

Somente este ano, a reforma que mexerá no cotidiano do servidor foi adiada duas vezes. Inicialmente, o governo prometeu enviar o texto em meados de fevereiro. Depois, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que encaminharia a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) após o Carnaval. Nenhuma das datas vingou, o que contrariou ministro da Economia, Paulo Guedes.

Na prática, o projeto quer reestruturar as regras do funcionalismo e prevê o fim da estabilidade de futuros servidores, além do alongamento do tempo para a ascensão na carreira, mudanças no estágio probatório e redução de salários e de categorias.

Até mesmo os parlamentares que defendem a proposta, sentiram o impacto. Na Câmara, o lançamento da Frente Parlamentar Mista da Reforma Administrativa, previsto para esta terça-feira (03/03), foi desmarcado. Também está sem data e pode ficar esvaziada.

O grupo composto por 226 deputados de 23 partidos pretende reunir parlamentares, especialistas e representantes da sociedade na defesa da reforma administrativa. A frente será presidida pelo deputado Tiago Mitraud (Novo-MG) — ele passou por uma cirurgia recentemente, segundo o gabinete do parlamentar, o que motivou o cancelamento.

Servidores querem debate

O presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas do Estado (Fonacate), Rudinei Marques, defende que a reforma exige um ambiente propício ao debate, o que neste momento não existe.

“Está faltando um debate mais consequente sobre a reforma Administrativa. A Constituição Federal assegura aos cidadãos diversos serviços públicos que poderão deixar de ser prestados se a ótica da reforma continuar sendo eminentemente fiscal. E esse debate não vem sendo travado”, destaca.

O secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo da Silva, concorda com Rudinei e é ainda mais enfático.

Para ele, nem governo, nem o Congresso estão preocupados com os efeitos reais de uma possível reforma. “A briga principal é de quem leva mais da fatia do bolo do orçamento. Fica cada vez mais claro que nem Parlamento, nem o Executivo tem um projeto de país. Isso é lamentável. O serviço público está agonizando”, critica.

Protestos

Aliado ao cabo de guerra entre governo e parlamentares, as entidades sindicais apostam nas manifestações de 15 de março (ato apoiado pelo governo contra o Congresso) e de 18 de março (movimento contra a reforma administrativa, que aglutinou críticos do governo) para enfraquecerem o projeto de reforma. O Planalto monitora o ato de servidores contra reforma administrativa.

Além disso, a categoria conta com a tração de dois blocos no Congresso: a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público (com 244 parlamentares) e a Frente Parlamentar Mista do Serviço Público (com 276).

Nas mãos de Bolsonaro

Oficialmente, o governo garante que o texto está pronto e que o presidente analisa pontos da redação. Nos bastidores, os articuladores evitam misturar a polêmica para não complicar as negociações. A versão final da PEC feita pela equipe econômica foi entregue a Bolsonaro em 18 de fevereiro. O Palácio do Planalto não detalha o projeto, tampouco marca data para o envio.

O Ministério da Economia mantém o discurso que a reforma “está sendo desenhada com base em dados, evidências e boas práticas mundiais”. A pasta afirma que “só vai se pronunciar sobre a proposta da reforma após a sua divulgação”, sem precisar uma data.






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