Home > Notícias > Desabastecimento 'fake' reacende debate sobre importância de Ceasaminas estatal

Desabastecimento 'fake' reacende debate sobre importância de Ceasaminas estatal

'Se é importante e estratégica porque privatizar?', questionam os empregados da empresa crucial para segurança alimentar em Minas. Polícia investiga fake que chegou a ser compartilhada por Bolsonaro


Desabastecimento 'fake' reacende debate sobre importância de Ceasaminas estatal
Reprodução/DR

Condsef/Fenadsef

Na manhã dessa quarta-feira, 1o de abril, o presidente Jair Bolsonaro compartilhou vídeo que dá a entender ser de um produtor da Ceasaminas denunciando suposto desabastecimento no entreposto de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. Pouco depois, a estatal que está na mira para ser privatizada, desmentiu o boato. A CBN também foi ao local e divulgou registro do movimento normal de produtores e venda de alimentos nessa quarta. Ainda pela manhão Bolsonaro apagou a postagem que fez no Twitter, mas ao longo do dia as críticas foram inevitáveis. No final do dia o presidente pediu desculpas. A Polícia Civil de Minas investiga o caso.

Para os empregados da Ceasaminas, base da Condsef/Fenadsef, a situação reacende uma discussão importante nesse momento. Se a estatal é estratégica como é para o abastecimento de alimentos em Minas Gerais e importante para milhares de famílias que vivem do plantio e venda de alimentos, além dos que dependem desses alimentos, porque privatizar? Para Sânia Barcelos Reis, representante dos empregados da Ceasaminas, esse debate tem que ser feito não só com os empregados, mas com quem depende do trabalho desenvolvido nas seis unidades de abastecimento: Contagem, Uberlândia, Juiz de Fora, Governador Valadares, Caratinga e Barbacena.

Sânia explica que o vídeo teria sido produzido na terça, 31, como cita o interlocutor da suposta denúncia de desabastecimento. Acontece que, tradicionalmente nas terças o movimento é baixo no local. Segundas, quartas e sextas são os dias de maior movimento. Portanto, a situação descrita no vídeo corresponde a uma total inversão de fatos, uma mentira. "Nosso trabalho não foi interrompido em nenhum momento durante essa crise provocada pela pandemia de covid-19. Não houve nem mesmo redução de horários", conta Sânia. "Seguimos apenas algumas orientações e recomendações do Ministério da Saúde e da OMS, mas nada perto de nos fazer parar. Estamos em plena atividade", relata.

Não estamos à venda

Os empregados cobram reflexão por parte do governo já que essa pandemia e o vídeo denúncia, ainda que fake, mostram que um possível esvaziamento de entrepostos de abastecimento preocupa até mesmo o presidente da República. A garantia da alimentação é um serviço essencial e no edital de privatização da estatal não há sequer previsão de obrigatoriedade de mesma atividade. "Ou seja, a Ceasa-MG pode ser transformada em um fundo imobiliário, por exemplo", explica Sânia. Esse é o questionamento maior da categoria. Mesmo com preocupações quanto ao futuro da Ceaseaminas, os empregados seguem firmes no suporte ao abastecimento de alimentos para Minas e o Brasil. "Assim como profissionais da saúde, segurança pública e tantos outros, nós também continuamos trabalhando e assegurando os serviços essenciais. A população pode ficar tranquila quanto a isso", destaca.

Uma moção de repúdio do Sindsep-MG, entidade filiada à Condsef/Fenadsef e carta aberta da associação dos empregados da Ceasaminas (Arbece) foram divulgadas também nessa quarta. "Nós, empregados públicos federais, mesmo diante da pandemia de coronavírus declarada pela OMS, estamos trabalhando todos os dias incansavelmente para que o alimento chege à casa de cada um dos brasileiros, especialmente à mesa do povo mineiro", cita a Arbece. "Diante dos fatos, lamentamos que o presidente Jair Bolsonaro venha prestar informações infundadas e descabidas, diante a fragilidade da nação brasileira frente a pandemia de Covid-19", reforça o Sindsep-MG.

A Condsef/Fenadsef faz coro com as entidades e se soma a indignação dos empregados públicos da Ceasaminas. A entidade apóia campanha contra a privatização da estatal que já teve seu edital publicado. "É urgente que o governo reavalie essa decisão que afeta e fragiliza o abastecimento de alimentos em Minas e também em outras regiões do Brasil", pontuou Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da Confederação. "Vamos seguir lutando para que esse processo seja revertido. Não estamos à venda", concluiu.






NOSSOS

PARCEIROS