Sindsep-AM

Apesar da mudança de gestão federal, que em três meses já anunciou concursos e um reajuste salarial de 9% para servidores, o funcionalismo público segue em um cenário preocupante, segundo a direção do Sindicato dos Servidores Federais do Amazonas (Sindsep-AM). Desmontados na gestão Bolsonaro, os órgãos ainda padecem de baixo orçamento, falta de pessoal e gestões deficitárias.

É o caso da unidade do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) em Boa Vista (RR). A instituição está há meses sem energia, após a fiação do prédio ter sido roubada. Até mesmo as centrais de ar-condicionado foram levadas do local.

Em matéria veiculada pela Rede Amazônica na capital de Roraima, o coordenador do Inpa em Boa Vista, Reinaldo Imbrozio Barbosa, disse que o cenário é de total falta de segurança. Os atentados contra o prédio do órgão federal começaram no fim do ano passado.

“Desde o dia 30 de dezembro, estamos sofrendo seguidas mutilações no prédio. A primeira foi em relação à energia. Roubaram toda a fiação elétrica. Depois roubaram a ligação da Boa Vista Energia (concessionária) com o prédio, deixando-o completamente apagado, e aí começaram a dilapidar todos os nossos equipamentos, ou seja, não temos condição nenhuma de trabalhar aqui. Os bolsistas e alunos foram para casa e nós, servidores, estamos trabalhando home office”, informou.

O problema se estende também para a sede do Inpa, localizada em Manaus (AM). Servidores denunciam redução orçamentária, sucateamento dos prédios do Instituto e má gestão da atual diretora, Antônia Maria Franco Pereira, indicada para o cargo na gestão Bolsonaro.

“Todos os órgãos estão em situação difícil, porque foram desmontados no governo anterior. Precisam de concurso público e que haja mudança nos cargos da administração pública. Por exemplo, aqui em Manaus, já se passaram 100 dias do novo governo e a diretora do Inpa continua. É preciso que se estabeleça um ‘comitê de busca’ para que se constitua uma nova direção”, pontua o secretário geral do Sindsep-AM, Walter Matos. O comitê é uma reivindicação de servidores da ciência & tecnologia para escolher a gestão dos institutos de pesquisa, evitando nomeações políticas.

Atual diretora do Inpa, a pesquisadora Antonia Maria Ramos Franco Pereira foi indicada durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro e é alvo de críticas por parte dos servidores da instituição. “Defendo a exoneração de todos os bolsonaristas em cargos públicos. Também defendo que não ocupem cargos neste governo, porque já fizeram muito mal ao nosso país”, afirma o secretário-geral.

Segundo Matos, um levantamento da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) aponta que há um déficit de 200 mil servidores no funcionalismo brasileiro. Por isso, o secretário defende mais concursos, o fortalecimento e não a extinção dos atuais órgãos, como aconteceu com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

“É preciso ter concurso na Funai, no Dnit, para que possamos reconstruir um serviço público de qualidade para a população. Isso é totalmente contrário ao que o novo governo fez no caso da Funasa, extinguindo o órgão em um dos primeiros atos da gestão. Sou totalmente contrário a isso. Defendo a reestruturação da Funasa, não a extinção”, frisa o secretário.