Home > Notícias > Risco de curto-circuito na Funasa

Risco de curto-circuito na Funasa



Vizinho ao prédio incendiado do INSS, o edifício da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) também apresenta riscos de incêndio. Em pelo menos três andares, as fiações elétricas estão expostas. Falta extintor em uma ala da autarquia. No edifício de 10 pavimentos, trabalham 1,5 mil pessoas. Órgão garante que já adotou medidas de segurança

Rachel Librelon
Da equipe do Correio


Um emaranhado de fios fica à vista e revela o perigo. Basta olhar para cima, para o teto sem forro. Por trásNo teto do corredor, Na ala
norte do 5º andar onde transitam dezenas de pessoas por dia, fios soltos oferecem perigo de incêndio (Fotos: Monique Renne/Especial para o CB) dos quadros de distribuição elétrica (caixas em que ficam os disjuntores), aparecem outras tantas ligações enroladas em desordem total, evidenciando a bagunça. O lugar, reservado originalmente para abrigar um hidrante, agora virou espaço de depósito para restos de um cabo ótico. É o que se vê em alguns andares da sede da presidência da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). O edifício, como outros no Setor de Autarquias Sul, apresenta falhas de segurança que podem desencadear um incêndio.

A Funasa fica a alguns metros do prédio do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), parcialmente destruído por um incêndio no dia 27 de dezembro. O Correio Braziliense teve acesso a três andares do edifício e pôde constatar que o sistema elétrico é precário.

Na ala norte do 5º andar, no teto sobre um corredor em que transitam dezenas de pessoas por dia, os fios soltos oferecem um risco potencial de curto-circuito, o que pode provocar um incêndio. Nolocal em que há vários materiais inflamáveis, como divisórias de madeira, móveis em espuma, tecido e muito papel, o fogo se alastraria com facilidade. Na ala norte do 7º andar, ligações desorNa ala sul do 10º andar, um pedaço de cabo óptico ocupa o lugar destinado à mangueira do hidranteganizadas nos quadros de energia podem causar desde um simples choque em quem quiser desligar o disjuntor até uma sobrecarga de corrente elétrica e fogo. Na ala sul do 10º andar, a falta do hidrante dificultaria o trabalho dos bombeiros em caso de incêndio.

É nesse lugar onde trabalham 1,2 mil funcionários da Funasa e pelo menos outros 300 servidores da Justiça Federal, que ocupam o 7º e o 8º andares do mesmo prédio. São, em média, 150 pessoas em cada andar. Em nota oficial divulgada pela assessoria de imprensa, a Funasa informou que há dois anos o edifício está sendo reformado e que as obras serão concluídas até o final deste ano. Segundo a nota, faltam melhorias no 3º, 4º e 10º andar e nas ala sul do 2º e 5º andar. Mas, além de falhas nos pavimentos ainda não recuperados, o Correio constatou que, no 7º andar, há excesso de ligações na caixa de distribuição elétrica. A reportagem consultou especialistas em instalações elétricas que apontaram para o perigo oferecido pela situação encontrada na Funasa.

Sensores Confusão de fios no quadro de distribuição elétrica. Risco de choque para quem se aproxima

O órgão enumerou as medidas adotadas para evitar tragédias como as que aconteceram no prédio do INSS. Entre elas, a instalação de sprinklers (chuveirinhos no teto acionados quando a temperatura ambiente ultrapassa 49 graus) e de sensores de fumaça em todos os andares. Também há mangueiras e extintores de incêndio que foram recarregados há cerca de dois meses. Um reservatório subterrâneo de água abastece os sprinklers e as mangueiras. As saídas de emergência estão desobstruídas. A única falha notada, segundo o órgão, foi na sinalização para os acessos de saída de emergência, mas será corrigidas até o final desse mês.Em andar reformado, ainda há problema: excesso de corrente elétrica no quadro pode causar fogo

De acordo com o tenente Pablo Alcides Xavier, da Seção de Vistorias e Pareceres Técnicos do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, o problema em prédios públicos com mais de 40 anos está principalmente nas instalações elétricas. “Quando eles foram construídos, bastava que a rede de eletricidade suportasse um ventilador e algumas lâmpadas. Naquele tempo, usava-se máquina de escrever. Hoje, as salas desses edifícios têm ar-condicionados e computadores”, explica. De acordo com o tenente, no final deste mês começará uma ação para vistoriar todos os prédios públicos da cidade. 
 

--------------------------------------------------------------------------------
FUNCIONÁRIOS COM MEDO

Funcionários de outro prédio vizinho ao do INSS estão com medo de que a construção incendiada caia sobreSobre o forro do 5º andar, existe um emaranhado de fios.
Desordem na
rede pode provocar acidente eles. No edifício em que funciona a Procuradoria Regional da União (PRU) o expediente é normal. Mas no dia seguinte ao incêndio, a Defesa Civil notificou o local e, por isso, todos foram dispensados. Nesta segunda-feira, os servidores foram convocados para voltar ao trabalho. “Tenho medo que esse prédio despenque e coloque em risco a minha vida e a dos colegas. Acho que a estrutura daqui foi comprometida”, acredita a funcionária pública Elizabeth de Fátima, 40 anos.

A colega Maria Abadia Mendes, 40 anos, teme a mesma coisa. “Há um cheiro de queimado por todo lado. Ainda há um pouco de fuligem também. Não há trabalho pendente ou algo que justifique nos obrigar a vir cumprir o horário nestas condições”, queixa-se. O tenente Wender Costa, da Defesa Civil, garante que o prédio da PRU não está ameaçado. A distância entre uma construção e outra é suficiente para evitar um acidente deste tipo, segundo o tenente. “O problema eram as vidraças quebradas e a fuligem. Todas as pendências já foram sanadas”, garante. Em pelo menos três andares, as fiações elétricas estão expostas. Falta extintor em uma ala da autarquia.

O prédio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foi construído em 1957 e sempre foi habitado por servidores do governo federal. A ocupação ocorreu junto com a inaguração de Brasília, em 1960. O Ministério da Previdência Social começa na próxima semana a resgatar a história do prédio, no Setor de Autarquias Sul. Funcionários percorrerão cartórios e arquivos públicos do governo para que possam encontrar registros históricos, como projetos de engenharia. (RL)
Colaborou: Fabíola Góis






NOSSOS

PARCEIROS