Home > Notícias > Privatização da Vale é citada como bem-sucedida em audiência sobre Casa da Moeda

Privatização da Vale é citada como bem-sucedida em audiência sobre Casa da Moeda

Secretário Especial de Desestatização exaltou privatização da Vale, que assassinou centenas de empregados e protagonizou o maior crime ambiental do mundo. Presidente da Casa da Moeda declara querer reduzir 500 funcionários e ameaça demitir mais


Privatização da Vale é citada como bem-sucedida em audiência sobre Casa da Moeda
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Condsef/Fenadsef

Em audiência pública realizada na quarta-feira, 12, para discutir a Medida Provisória 902/2019, que visa o fim da exclusividade da Casa da Moeda para posterior privatização da empresa, o Secretário Especial de Desestatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, citou o caso da Vale do Rio Doce como exemplo a ser seguido. "Quando nós libertamos a empresa do Estado, a empresa voa, cresce e progride", argumentou Mattar. "O caso mais emblemático é o da Vale do Rio Doce. Ela foi privatizada e tinha 10 mil funcionários na época. Hoje ela tem 73 mil funcionários e acredita-se que ela tenha mais de 30 mil terceirizados. Sobre essa perspectiva, o que queremos dizer é que haverá mais postos de trabalho [com a privatização de empresas]", afirmou.

Em 2015, a Vale protagonizou o maior crime ambiental do mundo, que dizimou todo o distrito de Bento Rodrigues, deixou 19 mortos e assassinou rios, mares, fauna e flora em proporções gigantescas com a enxurrada de lama tóxica. No ano passado, em mais uma tragédia, a empresa assassinou 270 trabalhadores na cidade de Brumadinho, muitos ainda desaparecidos sobre a lama. Avaliações de engenheiros especialistas é de que todas as barragens da Vale correm risco de rompimento. Até o momento, as famílias afetadas não tiveram justiça. Segundo Salim Mattar, a Vale é espetacular. "Ela tem uma remuneração excelente, cuida dos seus funcionários tão bem quanto uma estatal", declarou.

Eduardo Zimmer Sampaio, presidente da Casa da Moeda, disse que está em curso iniciativa de redução de custos e de despesas para evitar demissões, como o programa de cessão de 500 funcionários. "A empresa tem tomados as iniciativas, mas se depois de todas as medidas a empresa ainda for inviável financeiramente, a empresa vai ter que adotar novas medidas para demissão de funcionários", ameaçou.

Da plateia da audiência pública realizada pela comissão mista da MP 902/2019, o deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) criticou o desrespeito dos representantes do governo para com os trabalhadores da Casa da Moeda. "Os senhores não expuseram o fato de que nos últimos 10 anos a Casa da Moeda teve lucro de R$ 3 bilhões. 'Seu' Salim, me embrulha o estômago ouvir o senhor falar como caso de sucesso de privatização o que aconteceu com a Vale, depois de tudo o que aconteceu com os moradores de Minas Gerais. Pelo amor de Deus! Não vamos brincar com a vida das pessoas", atacou.

O parlamentar ainda apresentou vídeo de Jair Bolsonaro se posicionando contra a privatização da Casa da Moeda, durante período eleitoral. "É um mentiroso parasita. Trabalha-se com um processo de sucateamento para depois falar que não tem como gerir para facilitar o processo de privatização", criticou. Em sua fala, o deputado federal mencionou países desenvolvidos que preservam a produção de moedas nas mãos do Estado: Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Índia, Itália, Canadá, Rússia, Coreia do Sul, Austrália, Espanha, México. "Nessa lógica dos senhores de demonizar servidor público para poder garantir as rodadas de privatizações, os senhores não têm limites. Respeitem os trabalhadores da Casa da Moeda do Brasil", brigou Braga.

Os empregados da Casa da Moeda seguem firmes em suas reivindicações, em defesa de seus direitos e pela proteção do patrimônio público. “A atual diretoria quer destruir a Casa da Moeda e tudo o que ela representa. A maioria são diretores que vêm do Instituto Millenium ligados ao Paulo Guedes [ministro da Economia] e ao liberalismo. São pessoas que não têm qualquer compromisso com o país e os trabalhadores”, afirmou o diretor de comunicação do Sindicato Nacional dos Moedeiros, Edson Francisco da Silva, ao jornal Brasil de Fato. A negociação entre diretoria e trabalhadores não teve avanço e os empregados não aceitarão nenhum direito a menos.






NOSSOS

PARCEIROS