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Para economista, Guedes desvaloriza empresas brasileiras e comete crime de 'lesa-pátria'

"Paulo Guedes é literalmente um desastre que não consegue nem ao menos oferecer uma leitura adequada do cenário", afirma economista da Unifesp


Para economista, Guedes desvaloriza empresas brasileiras e comete crime de 'lesa-pátria'
Paulo Guedes (Foto: Marcello Casal Jr/EBC)

Rede Brasil Atual

Professor de Economia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pesquisador associado do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), André Roncaglia contesta o ministro da Economia, Paulo Guedes. Nesta quinta-feira (2), Guedes referiu-se ao resultado da arrecadação de impostos federais como um sinal de o Brasil “está decolando de novo”. Isso horas depois do anúncio de mais uma variação negativa do PIB do país, de -0,1% no terceiro trimestre, segundo o IBGE, cenário de estagnação.

Na prática, o resultado configura recessão técnica, porque já são dois trimestres com queda do indicador. Em entrevista aoJornal Brasil Atual, o economista criticou a postura do ministro quando o país é um dos poucos com retração no trimestre. Entre 51 nações observadas, o Brasil está entre os sete que tiveram contração de julho a setembro. 

“Todos os dados estão indicando que o Brasil tem uma recuperação em V, mas um V de ponta-cabeça (ou seja), nós subimos e já estamos caindo de novo. Os dados do varejo, da indústria, do comércio, tudo isso está indicando que a economia está andando de lado. E esse é um problema que tem a ver com a visão de governo, com a falta de projeto que existe ali. Então o Paulo Guedes é literalmente um desastre. Porque ele não consegue nem ao menos oferecer uma leitura adequada do cenário, como o capitão que está comandando esse grande transatlântico deveria dizer”, observa Roncaglia. 

Queda do agronegócio

O professor assinala a tendência de queda a longo prazo. Uma vez que os setores que puxaram a economia agora são os mesmos que podem ser prejudicados com a extensão da pandemia de covid-19. O que é muito preocupante para o país em meio ao “negacionismo econômico” do governo de Jair Bolsonaro. Na variação trimestral, a indústria ficou estável (mas com queda no setor de transformação), os serviços subiram 1,1% e a agropecuária caiu 8%. Assim, a queda nesse setor também chama atenção do especialista. 

Segundo o professor da Unifesp, embora o recuo já fosse esperado por conta do fim da colheita de soja – principal commodity do agronegócio nacional –, a queda acabou sendo mais significativa. A avaliação é que o resultado tem relação com a depressão da massa salarial – ou sejam, a falta de renda da população para o consumo. Além disso, como ele avalia, existem os problemas associados à diplomacia e às mudanças climáticas. “Enquanto o mundo inteiro cresce, enquanto os preços das coisas que vendemos melhor está crescendo no cenário internacional, a gente está literalmente implodindo a organização econômica interna”, aponta Roncaglia. 

Negacionismo de Guedes

“Seja por meio da Petrobras, fragmentando toda a empresa e ela perdendo a consistência que tinha pela integração dos setores, fazendo com que ela perca valor. Ele (Paulo Guedes) frequentemente fala que as nossas empresas estatais não valem nada. E isso do ponto de vista de quem vai privatizar é um crime de lesa pátria, porque ele está diminuindo o preço dos ativos antes de vender. Além disso os instrumentos de política econômica são terrivelmente adotados de maneira que a gente chama pró-cíclica. Agora que a economia está mergulhando, estão tentando cortar gastos de todo o jeito e não vão conseguir. (…). E a taxa de juros está subindo”, analisa o economista. 

“Então como ele tem a coragem de chegar para a sociedade e falar que ‘o PIB está caindo, mas agora a gente vai decolar’, quando todos os indicadores, endividamento das famílias e das empresas super elevado e a taxa de juros subindo? Ou seja, não há nada que sugira que o cenário à frente é positivo, principalmente quando você adiciona a incerteza diante da continuidade da pandemia. Nada nesse cenário inspira confiança”, fiz André Roncaglia. 

Confira a entrevista  






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