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Pandemia de coronavírus põe em crise modelo de capitalismo global

Como se vê agora, é o SUS que vem aguentando o 'tranco' dos internamentos maciços e rotinas de trabalho exaustivas exigidos pela pandemia


Pandemia de coronavírus põe em crise modelo de capitalismo global
Foto: Pixabay

Sintsef-BA

No dia 7 de abril foi comemorado o Dia Mundial da Saúde. Justamente quando o mundo se dobra diante de uma pandemia responsável pela infecção de quase 1,5 milhão de pessoas e 81,2 mil mortes (667 delas no Brasil) parece ser o momento de refletir sobre as causas e impactos desse evento. Doenças infecciosas não surgem do nada, nem são crias de laboratórios que escaparam do controle, como nas tramas apocalípticas de ficção científica. Geralmente são frutos da intervenção humana, resultantes do desequilíbrio ecológico de algum ambiente antes estável.

A ocupação indiscriminada dos espaços naturais e sua consequente poluição em favor do desenvolvimento traz impactos nos ecossistemas (que quase sempre não são avaliados previamente com o cuidado devido). Este crescimento desordenado das cidades não pode ser desvinculado da ausência de políticas públicas de habitação, nem do velho modelo de organização urbana: centro x periferia. Abandonada à própria sorte, em estruturas precárias de moradia, sem acessar direitos básicos como saneamento, saúde e educação, a população periférica, mais carente, (sobre)vive exposta a doenças e surtos epidêmicos constantes.

Além da concentração de renda e exploração econômica da pobreza, a globalização é outro fenômeno que ajuda a entender a propagação de vírus como o COVID-19 na sociedade contemporânea. “Quando aglomeramos as pessoas e estressamos seus sistemas imunológicos, aumentamos a probabilidade de transmissão de doenças. Quando voamos pelo mundo para garantir que as fábricas continuem funcionando e os produtos continuem sendo fabricados e vendidos, carregamos doenças conosco”, explica a professora de sociologia Karen Kendrick.

Por isso é tão importante pensarmos que, quando nos mobilizamos em defesa do meio-ambiente ou protestamos contra políticas de desmonte do serviço público, não é por puro “mimimi” ou torcida contra qualquer ação governamental. É porque essas medidas impactam na vida de todos nós. Na saúde, na economia, na segurança… Tudo está interligado.

A FORÇA DO SUS 

Observe-se a esse respeito, no Brasil, a defesa do Sistema Único de Saúde, que ganhou força após a pandemia. O SUS é o sistema que vem sendo sucateado há décadas, graças a interferências diversas, como por exemplo o lobby dos planos de saúde, que visam ao lucro com a privatização do setor. Um dos princípios do SUS é a universalidade, pois é público e atende a todos de graça, independente de gênero raça, credo ou condição social. Também tem natureza integral, pois trata a saúde como um todo e com ações que, ao mesmo tempo, pensam no indivíduo sem esquecer da comunidade. E ainda é equânime, ao tratar desigualmente os desiguais, investindo mais onde a carência é maior.

Entidades sindicais, como o Sintsef-BA, trabalhadores e usuários do SUS há anos denunciam a asfixia financeira do Sistema. Também como forma oportunista de perpetuar essa imagem de destruição da saúde pública brasileira, veículos de comunicação reproduzem imagens de caos nos hospitais e ambulatórios, sem, contudo, contextualizar a raiz do problema. E mesmo assim o SUS resiste, a despeito de tantos cortes, como os determinados pela Emenda Constitucional 95, a EC do Teto de Gastos, que impõe o congelamento de investimentos públicos por 20 anos.

Como se vê agora, é o SUS que vem aguentando o “tranco” dos internamentos maciços e rotinas de trabalho exaustivas exigidos pela pandemia. Essa força não vem do governo que o desvaloriza, mas da experiência e dedicação de trabalhadores das mais diversas áreas que se uniram para salvar vidas, mesmo expostos ao contágio e dos perigos da falta de equipamentos de segurança.

Por isso é tão importante que a população saiba que, além de aplausos, o SUS precisa de atenção e de políticas públicas que o fortaleçam, ampliem sua legitimidade e valorizem seus profissionais.






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