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"Não existe categoria a salvo do processo de ataque à classe trabalhadora"

O governo que assume em janeiro é a continuidade do governo que foi produto de um golpe, pensado pelo setor financeiro, não só do Brasil, mas do mundo


Foto: Sindsep-PE

Sindsep-PE

Como será o ano de 2019 para a classe trabalhadora? Uma dúvida que paira no ar. Para falar sobre esse cenário nada animador, mas por outro lado despertar os trabalhadores para o seu potencial de resistência, o GARRA entrevistou o diretor da CUT nacional e da Condsef/Fenadsef, Pedro Armengol. Veja a seguir. 

GARRA Como deve se comportar o governo Bolsonaro? 
PEDRO ARMENGOL O governo que assume em janeiro é a continuidade do governo que foi produto de um golpe, pensado pelo setor financeiro, não só do Brasil, mas do mundo. Principalmente o capital rentista e financista, que se apropriaram do governo para ter as políticas públicas a serviço deles. Isso começou com o Temer, com reformas estruturais, extremamente profundas, como a trabalhista, que foi a maior ação de retirada de direitos depois da época de Getúlio. A reforma da previdência de Temer não foi aprovada porque não teve condições políticas, mas está lá, na agulha para ser aprovada.

GARRA E como a classe trabalhadora deve se comportar diante desse cenário? 
ARMENGOL A compreensão da Central Única dos Trabalhadores é que esse momento é de resistência. Resistir para existir. É com essa compreensão que a gente está buscando, junto com outras centrais sindicais, os movimentos sociais e populares, como a Frente Brasil Popular e a Frente Povo sem Medo. Porque as ameaças são preocupantes, principalmente o sentido de tipificar, criminalizar os movimentos sociais. Temos a compreensão, que mais do que nunca, temos que reforçar o sentido de classe. Não existe categoria que está a salvo do processo de ataque à classe trabalhadora. E a gente precisa fazer uma frente de resistência para que essas medidas não tomem forma de lei. Continuamos em um estado de exceção e, infelizmente, esses setores tomaram conta de todo o aparelho do estado. Termos um setor mais conservador que o atual. Um judiciário dominado. O que nos resta é a capacidade de união no campo da classe trabalhadora. O grande desafio é  ter condições objetivas de enfrentar os desafios que estão dados com a fragilidade das organizações, principalmente por causa da questão do financiamento. 

GARRA Com luta, as perspectivas são boas para o trabalhador brasileiro?
ARMENGOL Vimos, que mesmo diante de todas as dificuldades, conseguimos barrar algumas medidas, como a reforma da previdência, por exemplo.  Até agora não conseguiram votar. Tem os PDVs no setor público. Nossa capacidade de organização é que vai definir nossas possibilidades. Não existe sinalização de uma reversão natural desse quadro macroeconômico. Eles estão se apropriando cada vez mais do Estado para colocar a serviço do capital rentista. Isso traz como resultado da diminuição da renda da classe trabalhadora. A precarização das relações de trabalho. É tirar do trabalhador para aumentar as margens de lucro. É um cenário difícil, mas a luta de classe é isso. 






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