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Mulheres em nome da agroecologia e da sustentabilidade

A Marcha das Margaridas se aproxima com força, pautando a igualdade de gênero, a defesa do meio ambiente, a soberania popular e a Previdência Social. Pela primeira vez na história, mulheres indígenas se somarão ao ato


Mulheres em nome da agroecologia e da sustentabilidade
Imagem: Reprodução/CONTAG

Condsef/Fenadsef

Tradicional na defesa dos valores da agricultura familiar, a Marcha das Margaridas aguarda 100 mil mulheres de todos os cantos do Brasil neste ano. Em mais uma edição, o encontro de mulheres do campo, da floresta e das águas terá uma agenda de debates e de formação sobre meio ambiente, soberania popular e bens comuns na capital federal, em 13 de agosto, data que coincide felizmente com o Dia Nacional em Defesa da Previdência Social. No dia seguinte, lideranças e apoiadoras marcharão do Parque da Cidade ao Congresso Nacional. A saída do ato está marcada para 7 horas da manhã.

O momento é crítico, para a organização da Marcha. Segundo Éryka Galindo, assessora da Secretaria de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), a avaliação coletiva das participantes é de que o cenário atual se caracteriza por grandes desmontes de políticas públicas que foram conquistadas, especialmente no que diz respeito a produção sustentável, a agricultura familiar e a importância dos produtos agroecológicos no cotidiano dos brasileiros.

Neste sentido, a Marcha das Margaridas é um caminho de resistência histórica. Sob o lema “Margaridas na luta por um Brasil com soberania popular, democracia, justiça social, igualdade e livre de violência”, a Marcha visa valorizar os modos de vida reproduzidos no campo, na floresta e nas águas. A ocupação de Brasília por estas mulheres é urgente para se construir uma sociedade livre de violências, por um país sem LGBTIfobia e sem intolerância religiosa, com direitos iguais. 

Para a Secretária de Gênero, Raça, Etnia e Opressões da Condsef/Fenadsef, Erilza Galvão dos Santos, as mulheres não baixarão a guarda, pois estão em jogo suas vidas, a sobrevivência da juventude, a democracia, o patrimônio do povo brasileiro, a agricultura familiar e os bens comuns da natureza. "O Brasil e a democracia, mais do que nunca, precisam da luta das Margaridas", comenta.

Contexto Bolsonaro

O cenário atual é preocupante. Se o impeachment de 2016 inaugurou uma onda de desmontes relacionados ao setor ambiental, Galindo reforça que Bolsonaro aprofundou os problemas. A transformação do Ministério do Desenvolvimento Agrário em uma secretaria do Ministério da Agricultura, por exemplo, explicita a descompreensão do governo com as pautas específicas da agroecologia. Além disso, só neste ano o Brasil liberou 239 agrotóxicos com benefícios fiscais.

"Essa agenda do governo só tem se aprofundado, agravando o desmonte da gestão de Michel Temer. As mulheres vão marchar para propor uma pauta positiva na intenção de recolocar suas intenções, de mostrar quais os modelos de produção da agricultura que as mulheres defendem", conta Galindo. Neste ano, as mulheres indígenas se somarão à marcha, pela primeira vez na história, fortalecendo as reivindicações agroecológicas e protestando contra a violência contra os povos indígenas, que comemoram seu dia internacional em 9 de agosto.

Quem foi Margarida?

De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), apenas 30% das mulheres são donas formais de suas terras, mas são elas que cumprem a jornada de trabalho doméstico, estão dentro de suas casas, cuidando dos filhos e dos afazeres domésticos; enfrentando o autoritarismo e a violência cotidiana. 

Um dos símbolos dessa árdua jornada é Margarida Alves, agricultora paraibana, assassinada por um grande fazendeiro de cana de açúcar (impune até hoje), há trinta anos. Um dia antes de morrer, ela disse preferir morrer na luta do que morrer de fome. Seu exemplo motivou a construção da Marcha das Margaridas, mais atual do que nunca diante da negação de direitos que o país atravessa.

A história mostra que as Margaridas, as mulheres trabalhadoras do campo, da floresta e das águas não fogem à luta. No último período, elas estiveram nas comunidades, assentamentos, rios, roçados, florestas e periferias resistindo ao golpe de 2016 e seus desdobramentos, que atacaram a democracia, os direitos conquistados e a vida das mulheres brasileiras.

Defesa dos bens comuns

Como representante dos servidores de 80% do Executivo Federal, inclusive dos lotados no ex-Ministério do Desenvolvimento Agrário, no Ministério do Meio Ambinete, no Ibama e na Funai, a Condsef/Fenadsef apoia a luta das mulheres do campo, da floresta e das águas, e reforça que um País sustentável só é possível com um Estado forte, com políticas públicas de qualidade e equipe técnica competente para isso.

A Confederação conclama todas as mulheres de sua base para se envolverem nesta Marcha: debatam as realidades e demandas das mulheres; proponham/ construam estratégias que transformem o nosso País; participem da agenda da Marcha em seu estado/ município; participem da agenda nacional em Brasília. "Vamos fortalecer as alianças com os diversos movimentos e grupos de mulheres comprometidos com esta transformação, pois, mais do que nunca, é hora de marchamos juntas, com força, unidade e ousadia", convoca Erilza Galvão.

>> Confira abaixo o vídeo de chamado para a Marcha:






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