Sintsef-CE

Na sexta, 16 abril, completam-se 32 anos do nascimento do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal no Estado do Ceará (Sintsef-CE). Assim como na época da fundação, vivemos no Ceará e no Brasil período de profundas transformações sociais, econômicas e políticas.

Recordar de onde viemos nos ajuda a saber aonde queremos chegar. O Sintsef/CE surgiu em um contexto de pós-redemocratização, em que o movimento sindical ganhava cada vez mais força. Nasceu em reuniões improvisadas no Sindicato dos Bancários e nas universidades. Cresceu na luta das ruas durante o Governo Collor e suas políticas de arrocho.

Logo vieram as greves e o enfrentamento das grandes manifestações dos anos 1990, quando os Governos de Fernando Henrique Cardoso asseveraram a filosofia neoliberal em detrimento dos trabalhadores. Sofríamos com privatizações, endividamento, reforma administrativa e previdenciária. Em 1996, pela primeira vez, aos servidores federais foram negados reajuste e data base.

O caldo de crises sucessivas e desigualdade crescente levou os brasileiros a elegerem Lula, o primeiro legítimo representante dos trabalhadores, ao posto mais alto da República. Embora alinhado na perspectiva ideológica, mas ciente das concessões que o presidente teria de fazer para governar – e das consequências delas – , o Sintsef fez o que se esperava de uma entidade sindical: postou-se de maneira crítica, em defesa dos interesses da categoria. Vide a organização das grandes greves como a de 2005.

Assim foi também no governo Dilma. Basta lembrar do Dia Nacional de Luta dos Servidores Públicos Federais em 2012. E da greve nacional de 2015, cuja vitória marcou a incorporação da gratificação de desempenho na aposentadoria dos trabalhadores.

Embora firme na defesa dos direitos dos trabalhadores, o Sintsef-CE sempre compreendeu o processo histórico para nunca perder de vista o seu papel político. Nos postamos contra o golpe jurídico-político que tirou Dilma do poder e lutamos contra toda a agenda ortodoxa neoliberal representada por Michel Temer. Fomos às ruas novamente contra a PEC do Teto de Gastos, contra as reformas Trabalhista e da Previdência, e contra a prisão política de Lula.

Nessas mais de três décadas, a luta sempre foi contra os deletérios efeitos do neoliberalismo e de suas múltiplas facetas. Ele antagoniza com a visão de um Estado forte com serviços públicos de qualidade, cujos instrumentos constroem um país mais igualitário e justo socialmente. Não é isso que querem as forças do capital financeiro internacional e as elites econômicas do Brasil, muito menos seus representantes políticos nos Executivos e Legislativos.

Diante disso, o governo Bolsonaro representou uma radical inflexão ao extremismo. Desastre na política ambiental, reformas draconianas, atropelo de direitos, desmonte de políticas públicas, sanha privatista e perseguição a servidores públicos tem sido marcas do atual governo. Não obstante esta sucessão de absurdos, Bolsonaro mergulhou o Brasil numa crise política, econômica e social sem precedentes na história com a pandemia do novo coronavírus.

Pela gravidade da atual conjuntura, do movimento sindical organizado é exigida a reafirmação mais forte do seu papel fundamental de defesa intransigente dos trabalhadores e do fortalecimento do serviços públicos, e por consequência da própria democracia brasileira. Afastar-se dessa premissa nunca foi uma opção.

Os desafios são vários. E graves. Deter uma agenda neoliberal entreguista e suicida, lutar pelo fortalecimento do SUS e por vacina urgente para todos, cerrar fileiras contra quaisquer tentativas de ruptura democrática e ajudar a construir uma alternativa que garanta trabalho e alimento para milhões de famílias que neste exato momento não os têm são as missões a nós impostas.

É nesse cenário que o Sintsef-CE chega aos seus 32 anos. Comemoremos, mas a consciência de que a missão é árdua e não podemos esmorecer. Afinal de contas, lutar nunca foi tão importante quanto agora.

Parabéns, Sintsef-CE!
Uma história de lutas e conquitas!