Condsef/Fenadsef
Não. Ninguém morreu em vão. Não desapareceram aqueles que se atreveram a erguer a voz contra o autoritarismo. Estão conosco. Nos guiam para que não percamos de vista a democracia, mesmo em tempos difíceis. Não morreram aqueles que marcharam e com seus corpos pediram por dias melhores. Não secaram as lágrimas de mães, pais, filhos e filhas de uma geração que lutou para que fôssemos livres. Seguiremos livres. Livres para escolher, livres para denunciar, para cobrar e lembrar que não vamos parar de lutar por dias melhores.
Estamos atentos e nossos olhos estão bem abertos. Não foi só uma declaração infeliz do filho do presidente que depois, como se pudesse apagar um passado manchado de sangue dissesse apenas: desculpe. A ameaça, sabemos, vai além da frase lançada. "Se a esquerda 'radicalizar', uma das respostas do governo poderá ser 'via um novo AI-5'". A ameaça do autoritarismo escorrega, se esconde em pequenas frestas, depois vai ganhando mais espaço até que de repente não é possível mais contê-la.
A ameaça está a solta. Está de volta e ganhando espaço. Mas a dor e o sofrimento causados por essa presença em nosso passado não se pode nunca esquecer. Não se deve esquecer. Por isso, a Condsef/Fenadsef se soma a todas as vozes erguidas em defesa da democracia em repúdio a fala autoritária de Eduardo Bolsonaro. Se pensou intimidar e reprimir possíveis manifestos contra a política econômica conduzida pelo atual governo, como tem se visto no Chile e outros países da América Latina afetados pelos efeitos perversos do neoliberalismo, Eduardo Bolsonaro deverá se frustrar.
Não é possível frear os movidos pelos anseios de justiça social, pelos insatisfeitos e atingidos por uma política econômica que em quase um ano não gerou empregos, não conteve a crise e vem retirando direitos da classe trabalhadora, o que certamente leva a um caminho de mobilização, pressão e luta por melhores condições, naturais nas democracias.
Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça. Há 55 anos o Brasil vivia o primeiro ano dos 21 anos marcados pela censura, repressão, e violência da ditadura. Negar e forçar um revisionismo da história não podem apagar as marcas e o legado dessa epóca. A ditadura foi um período também marcado pela falta de transparência com o bem público e o Estado como instrumento de poder e não de bem estar social como nos garantiu a reabertura democrática e nossa Constituição. São esses os avanços que devemos proteger. Sob hipótese alguma é possível esquecer o que significaram os anos de ditadura, marcados também por corrupção que não era denunciada simplesmente porque não se podia falar.
O AI-5 é o símbolo maior desse silêncio conivente, o silêncio que emudece as massas, o silêncio que oculta e esconde as mazelas da desigualdade. Para que não retorne esse passado que deixou muitos mortos, para que possamos seguir livres em nossas escolhas e também para que possamos seguir livres para nos arrepender e mudar os rumos de nossa história sempre que a maioria assim ansear, gritamos e exigimos respeito. DEMOCRACIA SEMPRE.