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Governo perde força e pressão popular pode pôr fim a reforma Administrativa

Uma das parlamentares que se destacou na luta contra PEC 32 na CCJ, deputada Maria do Rosário observa que se desempenho de votação se repetir no plenário da Câmara, a reforma não passará


Governo perde força e pressão popular pode pôr fim a reforma Administrativa
Deputada Maria do Rosário fala durante sessão da CCJ na terça, 25 (TV Câmara)

Condsef/Fenadsef

As alterações em pontos do relatório do deputado Darci de Matos (PSD-SC) na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/2020, que estava sendo discutida, nesta semana, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, mostrou que a equipe econômica do governo Jair Bolsonaro está perdendo força, e que vai enfrentar dificuldade para aprovar a matéria no plenário. A mobilização da sociedade civil e a pressão das entidades representativas dos servidores públicos e das centrais sindicais junto aos parlamentares foram fundamentais para tentar enterrar a matéria, conhecida como reforma Administrativa, que pretende pôr fim ao serviço público brasileiro. 

Mesmo com admissibilidade da PEC aprovada na CCJ por 39 a 26 votos, a disputa na Comissão Especial, para onde a proposta segue agora, promete ser ainda mais acirrada. Diante desse contexto, a posição firme dos deputados que fizeram oposição à proposta foi importante para o resultado na CCJ. Mas é o aumento da pressão dos próprios servidores e a mobilização da população contra ataques a seus direitos constitucionais que poderá pôr fim à essa reforma Administrativa. Pressione parlamentares em seu estado e cobre voto em defesa do povo e dos serviços públicos. Acesse o "Na Pressão".

Votos revertidos

A deputada federal, Maria do Rosário (PT-RS), uma das parlamentares que encabeçou a luta pela rejeição da PEC 32 na CCJ, emitiu nota em que faz uma análise sobre os pontos negativos que o governo federal vai enfrentar quando a PEC for levada ao plenário da Câmara. 

Além de ser categórica quanto a inconstitucionalidade inconteste na matéria, ela aponta uma série de injustiças previstas na famigerada reforma Administrativa. A parlamentar lembra, na nota, que “nesses mais de três meses de tramitação da PEC 32 na CCJ conseguimos tempo para expor suas mazelas através do exercício democrático de obstrução. O fato surtiu efeito e votos foram revertidos”. 

Ela também destaca que se o desempenho no plenário for o mesmo visto na CCJ, “a Reforma não passará em Plenário, já que, por se tratar de Projeto de Emenda Constitucional, precisa de 2/3 do total de parlamentares da Câmara. Na CCJ foram apenas 59% favoráveis, proporção insuficiente”. 

Maria do Rosário destacou ainda o papel determinante da mobilização da sociedade civil e das entidades representativas dos servidores públicos em pressionar os parlamentares. “Os argumentos políticos e as premissas econômicas apresentadas pelo governo são nitidamente falsas. Se essa reforma passar, criará condições para perseguições mil dos governos de plantão e irá tirar qualidade dos serviços públicos, especialmente nas áreas de saúde, educação e segurança que concentram 80% do funcionalismo”, destaca.

Outros parlamentares da oposição que estão comprometidos com os movimentos em defesa dos trabalhadores, também tiveram atuação decisiva durante a tramitação na CCJ. Veja como se posicionaram parlamentares durante as discussões.

Érica Kokay (PT-DF) – “Essa proposta fere cláusulas pétreas, fere os direitos constitucionais dos servidores atuais e dos servidores que chegarão. Esse governo não apresentou nenhuma proposta concreta para que se enfrente os problemas de gestão do serviço público. Atacar o funcionalismo é atacar direitos e garantias do povo brasileiro. Essa proposição tem que ser negada e por isso solicitamos que seja retirada de pauta”.

Talíria Petrone (PSOL-RJ) – “Não há nada a se comemorar pelo povo brasileiro. Quando temos um presidente como esse a tarefa do Legislativo é se agigantar. A prioridade dessa casa está sendo destruir o serviço público brasileiro. Atacar o servidor público é atacar os serviços públicos e atacar o povo brasileiro. Aprovar essa reforma também é uma forma de genocídio. Essa casa envergonha o Brasil no dia de hoje”.

Gervásio Maia (PSB-PB) – “Nós estamos aqui sintonizados com os servidores públicos. Senhores deputados, saiam dos gabinetes, visitem os órgãos públicos e conversem com os servidores. Eu duvido que algum deles será favorável a essa reforma. Estão votando contra todos os servidores públicos do país. Resistência é a palavra de ordem”.

Pompeo de Mattos (PDT-RS) – “Esse projeto retira direitos dos trabalhadores da saúde, da segurança, dos policiais civis e militares, dos trabalhadores da área da educação. A razão da retirada de pauta é a ampliação da discussão para que o Brasil saia da letargia e veja que o serviço público está sendo atacado”.

Ivan Valente (PSOL) – “Várias reformas já foram feitas e todas diziam que iriamos gerar empregos, renda, desenvolvimento social. Mas todas foram um desastre. Estamos promovendo o desmonte do Estado brasileiro. Esse desmonte vai ter consequências graves, ainda mais a longo prazo. Deveríamos retirar de pauta, ainda mais em uma pandemia. Essa reforma não tem nenhuma prioridade e ataca o direito de milhões de servidores públicos”.

Orlando Silva (PCdoB) – “A CCJ deveria não admitir a tramitação dessa proposta. O artigo 1º da Constituição fala sobre cidadania e dignidade da pessoa humana, que ganham forma com o artigo 5º. Tudo isso pode virar pó, pode virar nada se não tivermos um estado eficiente. Essa proposta segue a lógica de um estado mínimo. Uma lógica ultraliberal que saiu de moda até em seus estados originários. Por isso a bancada do PCdoB vota pela retirada de pauta dessa proposta”.

Sâmia Bomfim (PSOL-SP) – “Estamos em plena pandemia da covid-19, onde um genocídio está acontecendo em nosso país. E os trabalhadores que estão lá na ponta para dar conta das demandas sanitárias, sociais e econômicas estão sendo atacados. Retira direitos da carreira, direitos consolidados pelos servidores e não é possível que o Congresso Nacional, no momento que a população passa fome, a Câmara dos Deputados esteja discutindo essa reforma como prioridade. A Câmara está jogando uma granada no bolso daqueles que estão lá na UBS defendendo o povo”.

Gleisi Hoffmann (PT/PR) – “Essa Emenda é perversa e destruidora, tal como a aprovação da MP que autoriza a privatização da Eletrobras. Nós vamos atuar como oposição para evitar essa aprovação nessa CCJ. O autoritarismo dessa casa é tão grande que até alterar o regimento vocês da maioria fizeram para dificultar a nossa atuação e estão passando a boiada. É a privatização da Eletrobras, agora querem a reforma Administrativa e em breve a privatização dos Correios”.

Veja a nota completa da deputada Maria do Rosário:

APROVAÇÃO DA REFORMA ADMINISTRATIVA NA CCJ INDICA QUE GOVERNO TERÁ DIFICULDADES NO PLENÁRIO

1 - O Debate da PEC 32 (Reforma Administrativa) na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, cujo relatório foi aprovado hoje, denotou a inconsistência da proposta. A oposição foi brava na resistência, denunciando seu conteúdo;

2 - Revelamos a inconstitucionalidade inconteste da PEC e, sobretudo, as injustiças dessa reforma;

3 - Nesses mais de três meses de tramitação da PEC 32 na CCJ conseguimos tempo para expor suas mazelas através do exercício democrático de obstrução. O fato surtiu efeito e votos foram revertidos;

4 – Com esse desempenho, a Reforma não passará em Plenário, já que, por se tratar de Projeto de Emenda Constitucional, precisa de 2/3 do total de Parlamentares da Câmara. Na CCJ foram apenas 59% favoráveis, proporção insuficiente;

5 - Antes de ir a Plenário, a Reforma Administrativa passará por análise de Comissão Especial. No entanto, não podemos nos enganar, o governo e seus apoiadores tentarão acelerar a votação;

6 - É fundamental manter a pressão social sobre o Parlamento e seus membros. Os argumentos políticos e as premissas econômicas apresentadas pelo governo são nitidamente falsas! Se essa reforma passar, criará condições para perseguições mil dos governos de plantão e irá tirar qualidade dos serviços públicos, especialmente nas áreas de saúde, educação e segurança que concentram 80% do funcionalismo;

7- É criminoso fazer tal debate quando o que o Brasil precisa é vacinar sua população, alcançar assistência social a quem precisa e derrotar o vírus e a crise. Quem assistiu as sessões percebeu a operação para a intimidação do trabalho da oposição por parte da presidência bolsonarista da CCJ, o que não conseguiram;

8 - O resultado de hoje nos dá esperança: se mantida a pressão, essa reforma não terá votos suficientes em plenário.

Grande abraço,

Maria do Rosário, Deputada Federal e Coordenadora da bancada do PT na Câmara na CCJ

25 de maio de 2021






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