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Ceitec, Dataprev e Serpro: as "big techs estatais" na mira da privatização

Governo brasileiro quer transformar as empresas em companhias privadas


Ceitec, Dataprev e Serpro: as
Foto: Dataprev/Divulgação

Exame

Empresas brasileiras de tecnologia da informação podem ganhar novas rivais no mercado privado em breve. Trata-se de um processo de privatização que deve ocorrer em breve e que envolve estatais como Ceitec, Dataprev e Serpro. Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal decidiu que não será necessária a criação de uma lei específica para o início do processo que torna essas e outras companhias privadas.

A decisão, que teve os vetos dos ministros Edson Fachin e Ricardo Lewandowski, abre caminho para a venda das três empresas que atuam com tecnologia. A decisão girava em torno da aprovação ou não da necessidade uma lei específica para permitir os processos de desestatização de companhias. A ação foi movida pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), que se posiciona contra a privatização.

Ceitec

Vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, a Ceitec foi criada em 2008 e tem sede em Porto Alegre. A companhia atua no desenvolvimento de soluções para identificação automática. Isto é, chips, sensores e etiquetas eletrônicas que são utilizados desde para pagamentos automáticos em pedágios até para a identificação de animais e de medicamentos.

A Ceitec gerou receita de 7,8 milhões de reais em 2019, o que fez com que a estatal terminasse o ano com prejuízo líquido de 12 milhões de reais, uma vez que as despesas operacionais somaram 81 milhões de reais e consumiram o caixa que havia acumulado no período. Fechar, porém, pode custar mais caro. A Acceitec, associação de funcionários da estatal, estima que os custos irão girar em torno de 300 milhões de reais.

Apesar dos números estarem bem abaixo do ideal, é preciso ressaltar algo bastante positivo em relação à estatal. A Ceitec é a única empresa na América Latina capaz de produzir, do início ao fim, chips utilizando silício – material presente em processadores de smartphones, tablets e computadores. A maior parte dos chips produzidas em todo o planeta vem da Ásia.

Dataprev

A companhia atua prioritariamente com o processamento de pagamentos de benefícios do INSS. Em 2021, a empresa ganhou uma participação maior ao ser a responsável pela aprovação dos pagamentos do Auxílio Emergencial, benefício criado pelo governo federal para ajudar pessoas em situação de apuro durante a pandemia do novo coronavírus.

A decisão de privatizar a Dataprev foi tomada em janeiro do ano passado. Na mesma época, a companhia já previa o encerramento de suas atividades em 20 estados brasileiros. Isso iria impactar diretamente no corte de 493 funcionários, o que corresponde a 15% da força total de trabalho. A expectativa era de que a medida gerasse uma economia próxima de 93 milhões de reais.

No ano retrasado, a Dataprev obteve receita de 1,6 bilhão de reais, pouco acima do 1,5 bilhão de reais em 2018. Já o lucro líquido diminuiu de 150 milhões para 148 milhões de reais no intervalo entre 2018 e 2019. Os dados de 2020 ainda não foram consolidados, mas já se espera que os números sejam bem menores do que os registrados nos últimos anos.

Serpro

Descrita como a maior empresa pública de tecnologia da informação do mundo, a Serpro foi fundada ainda em 1964 e, até 2019, contava com um quadro de funcionários com mais de 9 mil empregados. Naquele ano, inclusive, a companhia foi a vencedora do prêmio de melhor Melhores & Maiores, da EXAME, na categoria empresa da Indústria Digital. Era a líder do mercado, superando empresas como Positivo, Totvs e Tivit.


Serpro: faturamento de 3,4 bilhões de reais de 2019 (Serpro/Divulgação)

A empresa oferece sistemas para o processamento do Imposto de Renda e para outros serviços. Em conjunto com a Receita Federal, a estatal lançou no ano passado o aplicativo eSocial Doméstico, que simplifica a contratação de trabalhadores domésticos. Em 2020, o governo federal escolheu a Amazon como uma parceria da estatal brasileira para a alocação de dados em servidores digitais hospedados em nuvem.

Desta lista, a Serpro é definitivamente a maior empresa e a que vive seu melhor momento. Em 2019, a receita foi de quase 3,4 bilhões de reais, com lucro líquido de 486 milhões de reais. Os números de 2020 não estão consolidados, mas já apontam que a receita recorrente possa diminuir cerca de 1,5%, enquanto se espera que as despesas recorrentes, que também devem ter queda, somem mais de 2,7 bilhões de reais.






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