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Caminho para judicialização da PEC da Previdência está pavimentado

Especialistas apontam que insegurança e perdas de direitos deverão abrir campo para muitas ações. Regras de transição que não cobrem maioria vão deixar trabalhadores se sentindo lesados


Caminho para judicialização da PEC da Previdência está pavimentado
Painel da votação em 1o turno no Senado (Foto: Reprodução TV Senado)

Condsef/Fenadsef

Com a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019, da reforma da Previdência, em primeiro turno, hoje, no Senado, está cada vez mais próximo o risco de milhares de brasileiros de perder direitos assegurados hoje para aposentadoria. Os senadores da base do governo demonstram ter pressa e estão apontando votação em segundo turno já para a próxima semana. Antes disso, a PEC deve passar por três sessões de discussão. A assessoria jurídica da Condsef/Fenadsef aguarda o fim da tramitação da proposta para fazer uma análise profunda das mudanças e alertar os servidores. Mas avalia que as inseguranças e perdas adivindas da aprovação do texto como está devem levar trabalhadores a procurar a Justiça. Outros especialistas da area fazem coro e já vêm alertado há algum tempo a tendência de judicialização da reforma

Há muita polêmica que continua rondando o debate em torno da PEC da Previdência. Direitos considerados fundamentais seguem ameaçados já que convencionou-se no Senado não alterar o texto base da proposta para evitar que a PEC volte à Câmara. A PEC Paralela também gera dúvidas e questionamentos. A tática de evitar que o texto volte à Câmara apenas acatando emendas que não alterem o significado do texto-base da proposta levou o deputado federal Professor Israel (PV-DF) a recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF). Para ele, a "retirada de pequenos fragmentos é capaz de alterar todo o sentido do texto". 

Talvez por isso o senador Fernando Bezerra (MDB-PE) tenha retirado ontem, 1o, ainda enquanto a PEC seguia a Plenário para votação, a única emenda (supressiva) acatada pelo relator, senador Tasso Jereissati. A emenda beneficiava servidores que integrassaram antes de 2003 e garantiam a eles regras para aposentadoria integral se comprovasse contribuição por 35 anos para homens e 30 para mulheres. Com a retirada da emenda o texto seguiu como estava.

Futuro ameaçado

Em uma rede social o ex-banqueiro e crítico da PEC da reforma da Previdência, Eduardo Moreira, chegou a registrar desabafo sobre o futuro sem direitos fundamentais garantidos às próximas gerações. Esse é o grande cerne das críticas à reforma. O fato de que serão os mais pobres aqueles que irão sofrer mais com a retirada dos direitos. Especialistas de diversas areas apontam que haverá um empobrecimento a partir da mudança dessas regras. Em audiência pública essa semana, a coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lúcia Fatorelli voltou a fazer esse alerta. "O R$ 1 Trilhão que o ministro Paulo Guedes diz querer economizar é um montante que não vai chegar na mão da população e não vai girar a economia", denuncia. 

Para o Secretário-geral da Condsef/Fenadsef, Sérgio Ronaldo da Silva, o que está em jogo é o patrimônio público dos brasileiros. "Se houvesse tanto prejuízo e rombo assim, não haveria tanto interesse do setor privado na Previdência e nas demais empresas públicas que o governo quer entregar a preço de banana. Essa reforma é cruel e vai determinar um futuro de sofrimento, mas ainda é possível barrar a proposta", acrescenta Sérgio Ronaldo.

>> Confira a lista dos 56 senadores que votaram em 1o turno pelo fim do direito a aposentadoria digna para os brasileiros

Abono

Dos destaques colocados em votação na tarde de hoje, todos foram rejeitados. A única mudança em relação ao texto-base foi a garantia de manutenção das regras atuais para pagamento de abono salarial a quem ganha até dois salários mínimos. Restaram polêmicas nas regras para insalubridade. Não se pode esquecer que a alteração da regra que calcula a média das maiores contribuições para agora considerar todas as contribuições, o que deve reduzir em média 30% do valor das aposentadorias da maioria dos brasileiros, segue gerando revolta. As regras de transição frágeis, o aumento da idade mínima para alcançar a aposentadoria e as brechas para inclusive acabar com o Regime Próprio dos servidores também seguem preocupando.

A falta de diálogo com a população e o desconhecimento com os impactos negativos da proposta também atrapalham. "90% da população brasileira não conhece essa reforma", aponta o senador Paulo Paim. De acordo com pesquisa Datafolha, apenas 17% se dizem bem-informados sobre o conteúdo da proposta de reforma da Previdência. "Uma emenda à Constituição é tema seríssimo e precisa ser debatida à exaustão com a sociedade. Isso não aconteceu e nossa reivindicação, como servidores públicos à serviço da sociedade, é para que haja mais debates e mais explicação das consequências à toda a população", acrescenta Sérgio Ronaldo. 






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