CeasaMinas

Os adeptos da boa gastronomia já não pensam nela apenas como um ingrediente de saladas ou refogados. Ela ganhou espaço também na forma de bolos, pães, molhos, sopas, farinhas, massas e doces diversos. Trata-se da beterraba, que apresentou queda no preço médio de 26,7% em novembro (R$ 0,89/kg), na comparação com o mesmo período de 2018, no atacado do entreposto de Contagem. Já nos primeiros dias deste mês de dezembro, de 1 a 10, a beterraba alcançou R$ 0,84/kg, o que representa o menor preço para o mês dos últimos cinco anos.

Para se ter uma ideia do momento propício ao consumidor, o valor da beterraba em novembro representou uma redução de 60,7% em relação a março deste ano, quando chegou a ser cotada a R$ 2,27/kg. "O motivo dessa queda de preço foi principalmente o aumento do plantio, o que elevou a oferta aqui no mercado", explica o agricultor de Carandaí (MG) Samuel Flávio Lopes da Costa, que comercializa no Mercado Livre do Produtor (MLP), da CeasaMinas em Contagem.

Costa aponta que os preços mais altos da hortaliça, verificados principalmente até setembro, acabaram estimulando o investimento de muitos produtores. "Em fevereiro deste ano, cheguei a vender o saco (18kg) por R$ 50 aqui na CeasaMinas. Entre março e setembro deste ano, ficou oscilando entre R$ 20 e R$ 25/sc. Hoje, está em R$ 12, o que não cobre nem nosso custo", lamenta.

Mesmo com preços tão baixos, a demanda, segundo ele, não aumentou, o que traz um desafio a mais. "Para igualar nosso custo, principalmente com a compra de sementes e mão de obra, esse preço deveria ser de, no mínimo, R$ 15/sc", explica.

Enquanto alguns aumentaram os cultivos, outros, como o produtor rural Sidmar da Silva, mantêm a oferta. Ele tem trazido ao MLP regularmente 250 sacos do produto vindos de Carandaí e de Ibirité (MG), quatro vezes por semana. No último dia 11/12, o produtor vendia a beterraba por R$ 15/sc. "O preço mínimo para igualar nosso custo é de R$ 20/sc".

Silva afirma que cultiva tipos de beterraba que atendem a diferentes públicos, como restaurantes, cozinhas industriais e sacolões. Normalmente, o mercado comercializa três classificações da hortaliça: extra, especial e primeira, que se distinguem quanto a atributos como o tamanho.

Câmaras frias

É comum a utilização de câmaras frias para armazenamento de beterrabas no campo, o que permite ao produtor oferecer a mercadoria justamente no momento em que os preços estão maiores. Em uma situação em que as cotações estejam baixas, por exemplo, a hortaliça pode ser armazenada por até seis meses, sem perda de qualidade.

O produtor rural Samuel Flávio, embora não trabalhe com câmaras frias, reconhece a importância dessas estruturas para evitar uma disparada dos preços na entressafra. "Em fevereiro, é esperada uma reação das cotações da beterraba, com o preço chegando a, no mínimo, R$ 40. Esse valor poderia ser bem maior não fossem os estoques de câmara fria, que vão abastecer o mercado. Sem esses volumes, o preço chegaria a R$ 100".

Procedência

Entre janeiro e novembro deste ano, a beterraba ofertada no entreposto de Contagem foi proveniente de 40 municípios. Quatro deles, todos mineiros, foram responsáveis por cerca de 90% do volume total: Carandaí (36,2%); São João del-Rei (27,8%); Lagoa Dourada (12,9%) e Rio Paranaíba (12,1%).

Beterraba: amiga da pressão arterial e do cérebro

Em 2016, uma pesquisa do Centro Médico Wake Forest Baptist, nos Estados Unidos, revelou que beber suco de beterraba antes da prática de exercício físico ajudou o cérebro de pessoas mais velhas a funcionar melhor.

O estudo incluiu 26 homens e mulheres acima de 55 anos com pressão arterial alta e que não praticavam exercícios frequentemente. Segundo os pesquisadores, o nitrato, que é encontrado em grandes quantidades no suco de beterraba, é transformado no organismo em óxido nítrico (NO), molécula que seria a responsável por efeitos benéficos ao cérebro e à pressão arterial.

A beterraba também se destaca por conter carboidratos, ferro, manganês, potássio e folato, vitaminas do complexo B e C.

Demais produtos em safra e outros dados, como o Boletim Diário de Preços, podem ser consultados pelo link Informações de Mercado do site da CeasaMinas.