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Benedita da Silva: "Vitória na LDO dá força para servidores derrubarem a EC 95"

Ela apoiou a retirada do artigo que vetava o reajuste, a contratação de novos servidores e a reestruturação das carreiras no serviço público da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o próximo ano


Benedita da Silva:
Fotos: Sintrasef-RJ

Sintrasef-RJ

A deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) foi uma das parlamentares que garantiram a possibilidade dos servidores públicos federais terem reajuste salarial em 2019. Ela apoiou a retirada do artigo que vetava o reajuste, a contratação de novos servidores e a reestruturação das carreiras no serviço público da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o próximo ano.

Para a deputada essa vitória dos servidores pode ser o primeiro passo para que a Emenda Constitucional 95, que limita investimentos públicos por 20 anos, seja derrubada e o país volte a trilhar um caminho de desenvolvimento e soberania a partir do respeito ao trabalho dos servidores públicos para que o Estado ofereça igualdade de condições a todos os cidadãos brasileiros.

Mulher e negra, Benedita não tem dúvidas ao apontar que só um Estado abrangente fará com que os setores historicamente excluídos da sociedade brasileira participem da vida econômica do país. Nesse ponto a candidata à reeleição como deputada federal enaltece os governos Lula e Dilma e afirma que o projeto do PT ainda é o melhor para o conjunto da população brasileira, principalmente com Lula presidente.

SINTRASEF) Na recente aprovação do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2019 os servidores tiveram uma vitória com a retirada do artigo que proibia reajuste salarial e contratação no serviço público. Acredita que isso d~e fôlego para a derrubada da Emenda Constitucional 95 (limita investimentos públicos por 20 anos) e uma retomada do papel do Estado?

BENEDITA DA SILVA) Foi importante essa vitória para o servidor público. O governo quer jogá-lo nessa onda de retrocesso nas relações de trabalho e de direitos, como vem fazendo com suas reformas e medidas com todos os trabalhadores. Para termos um Estado, um país forte, é preciso que nós tenhamos também servidores fortes, qualificados, com estabilidade e seus direitos garantidos, e não com redução de direitos e de salários.

Então foi muito importante a medida tomada por nós, pela bancada do PT, durante a votação, na apresentação de um destaque para proteger os servidores. O presidente pode até vetar, mas teremos aí um espaço para o servidor se reorganizar para esse enfrentamento necessário, porque todo dia você tem uma emenda, uma ação governamental, do Congresso, contra os servidores e trabalhadores.

Se insistir em vetar, o governo vai ter muito mais dificuldade. É ano eleitoral e todo mundo tem que dar conta dos seus atos em seus estados. Os deputados que derem sustentação a um possível veto do Executivo ficarão em uma situação no mínimo muito constrangedora. Então foi muito importante essa vitória parcial dos servidores e da sociedade em geral.

Existe um otimismo para a luta pela derrubada da EC 95 neste segundo semestre?

Tem que existir! Não só para os servidores, mas para a nação como um todo. Vamos fazer uma retrospectiva do que verdadeiramente é essa emenda. Ela congela por vinte anos os investimentos na saúde, na educação, no desenvolvimento, na inclusão. Ela fez parte de todo um pacote de golpe do governo. Um governo que está sucateando o patrimônio, vendendo o país, prejudicando a economia brasileira e fazendo reformas danosas. Danosas aos dois setores, por incrível que pareça; o capital nacional, as empresas nacionais, e os trabalhadores. Estão quebrando negócios e aumentando o desemprego.

A união dos trabalhadores faz o governo recuar em certos momentos, como esse da LDO e o da derrubada de tentativa da reforma da Previdência. Porém, mesmo com esses recuos o governo segue desmantelando o Estado. Fez a reforma trabalhista, que feriu muito os trabalhadores e as organizações sindicais, e antes já tinha precarizado as relações de trabalho com trabalho intermitente e terceirização.

A reforma da Previdência ele não teve como levar adiante, mas segue com sua tática de desmontes, vai introduzindo medidas, desguarnecendo as garantias do serviço público, deixando sem condições de operar a contento. Então a tática deles é ir destruindo o patrimônio público com medidas pequenas. Aí é que a população e os servidores públicos têm que estar atentos e acionar os deputados que defendem um Estado forte para impedir esses crimes que o governo tenta cometer.

"Agora nós estamos vendo, com todas as críticas que se queiram fazer, que é hora da união. E a esquerda será cobrada no futuro se não se unir agora. Não é uma pessoa, é um projeto de nação que foi interrompido. E se continuar assim daqui a pouco acaba até o registro partidário".

 

Esse esvaziamento do Estado, inclusive com a falta de concursos públicos, afeta diretamente um setor que a senhora representa muito bem: as mulheres negras. O quê fazer para mudar esse quadro?

Olha, eu acho que nos últimos dois anos se conseguiu retirar todas as conquistas que, até então, a população brasileira tinha. Falando nisso, não se pode deixar de falar nos governos de Lula e Dilma, porque os 36 milhões de miseráveis que saíram da margem da linha da pobreza estão voltando, as ruas estão cheias. O país está voltando para o mapa da fome. O país está voltando para o Fundo Monetário Internacional. Estamos vivendo um caos.

Agora eu te pergunto: se a maioria da população brasileira é negra, se a maioria da população brasileira é de pobres, quem é que sofre com tudo que o governo está fazendo? Com o desmonte do SUS? É essa população. Se a maioria da população é feminina, ela é que mais sofre. Aí você vai vendo o estrago que realmente está sendo feito por esse governo. Então, aquelas conquistas de Luiz Inácio Lula da Silva, as conquistas de 12 anos do PT com Lula e Dilma, em dois anos elas estão indo para o ralo com esse governo. Muito rápido!

Os interesses desse governo são outros, não estão voltados para o Brasil. Para o povo brasileiro é uma ponte para o fundo do poço. O pré-sal é o que a gente tem de mais simbólico nesse momento para falar porque esse golpe foi dado. Um pré-sal que já tinha de sua arrecadação 75% para a educação e 25% para a saúde do povo brasileiro. Eles não querem isso, e nem que a população saiba de seus direitos. Aí criam uma escola sem partido, uma escola sem questionamento, uma escola que não é crítica, uma escola sem visão, uma escola que o cidadão não vai disputar o que ele tem direito, que ele vai pegar o patrimônio e a riqueza do país e achar que isso é direito dos Estados Unidos ou de outro país da Europa. Isso é um crime!

Mas a população está percebendo isso, e acordando, haja visto o Lula nas pesquisas. O Lula na pesquisa é resultado deles também, que sabem que vão perder as eleições. Aí a única medida que eles têm é drástica, cruel, criminosa, querendo manter o Lula preso sem ter cometido nenhum crime.

Outra ponta que sofre com o desmonte do Estado é a indústria nacional. Como criar desenvolvimento e excelência sem produtos brasileiros, feitos por brasileiros, fortes?

O índice de desemprego está lá no alto. Olha que Lula salvou a indústria nacional brasileira. A construção civil, a construção naval, tudo deu uma alavancada e nós criamos empregos. Eles não perderam dinheiro, ainda tem mais essa. É criminoso o que eles estão fazendo, porque eles não perderam dinheiro. Pelo contrário, ganharam dinheiro, seus negócios cresceram, porque o país começou a ter credibilidade maior no governo de Lula.

O que eles não estão gostando, evidente, é essa questão da igualdade, de você poder dar um tratamento para esses mais pobres na base econômica social, dele ter o seu emprego, ter cidadania, alcançar sua riqueza.

Nós estamos vivendo esse momento. É um momento extremamente crítico para a sociedade em decorrência desse desmonte. Aumenta o suicídio, a loucura, a miséria, a dependência química, a violência, a violência contra a mulher, a violência contra o povo negro, a violência que o agronegócio faz em relação às comunidades indígenas e quilombolas.

E pelo lado político eu jamais pensaria que fosse ver uma ditadura de novo. Digo ditadura quando assistimos as medidas que não estão sendo tomadas, que possam favorecer o direito mínimo para um habeas corpus para o Luiz Inácio Lula da Silva. Fernandinho Beira-Mar dá entrevista, meu Deus do céu. Sai em capa de revista! E tantos outros marginais. Tantos! Tantos! O Lula é impedido, como candidato à presidência, de dar entrevista, dialogar. Porque eles sabem, né? Se o Lula abrir aquela boca diretamente com o povo… mas é que o Lula é uma coisa rara, é como um Pelé no futebol. O Lula é o nosso Pelé da política e não vão acabar com o Lula da forma que eles acham.

A senhora tem estado com o ex-presidente Lula?

Eu andei com ele nessas últimas caravanas. O Lula é um homem de visão, iluminado. Acho que ele já estava prevendo todas essa perseguição e foi fazer a caravana para falar cara a cara com o povo. Foi andar pelo país e eu tive a oportunidade de acompanhá-lo. Gente, que coisa fantástica, que coisa extraordinária. Não existe um político na face da Terra com tanta credibilidade como o Lula, tanto fora como dentro do país.

Eles criaram midiaticamente uma mentira, armaram este circo todo, mas você vai e olha: as pessoas creem no Lula, as pessoas acreditam no Lula. E no Brasil não tem, não tem nessa conjuntura um outro nome, que não seja o nome do Lula, para pacificar esse rompimento que o país e o povo brasileiro estão sofrendo. Necessitamos de uma liderança com a qual o povo possa se sentir esperançoso de uma recondução desse processo de inclusão, de desenvolvimento, de avanço.

Como explicar essa perseguição ao Lula, e ao PT, já que os mandatos petistas foram conciliadores, com manutenção do lucro de muitos setores e inclusão social?

Esse projeto não vem de agora. Lá em 2003 a senha era o “mensalão”, um nome bem midiático, né? Sentaram com o marketing, sentaram com a comunicação e pensaram… “como nós vamos chamar essa operação? E essa operação vai eliminar o quê?”. Aí, primeira fase da operação: eliminar, exterminar, acabar com o PT. Quem poderia ser o sucessor de Luiz Inácio Lula da Silva? José Dirceu? “Então vamos acabar com o José Dirceu”, entendeu? Então tira o José Dirceu. “Bom, agora quem é… a honestidade irritante da Dilma, né? Ela não negociar com a corrupção, né?”. Foram elementos que eles pensaram e construíram.

E construíram por ódio ao PT, pelo PT representar o povo que a elite não admite. Imagine essa gente aturar esse povo? Escola e universidade para pobre, para negro, para tudo. Avião, Minha Casa Minha Vida, comida, essa gente no teatro, essa gente no cinema, essa gente… meu Deus do céu! Ideologia de gênero, mulher com poder, fim da LGBTfobia, não sei mais o quê… gente, imagine isso!

Então o que foi que esse mercado fez? O mercado preparou os seus aliados e Eduardo Cunha saiu pelo Brasil preparando o golpe, dizendo assim: “vamos montar o nosso congresso. Se o governo da Dilma ceder, a gente vai levando. Se não ceder, nós temos que tomar as devidas providências. Então, vamos pegar o PT e torná-lo corrupto. Vamos passar isso para todo mundo. Um partido mais corrupto, né? Eles estão roubando mesmo e a Dilma cometeu um crime, a Dilma tem que sair com esse crime…”

E O PT demorou a perceber esse golpe em andamento e continuou mantendo alianças com o PMDB de Eduardo Cunha?

Eles foram seguindo com o plano pouco a pouco. Como é que você explica tantos pastores candidatos a deputado federal se eu sou evangélica e sei que a igreja sempre foi aquela igreja que, mas que mesmo, condenava todos os partidos políticos? Só no PT eles não colocaram essa estratégia, mas em todos os outros partidos criaram uma bancada evangélica.

Por que isso? Como foi isso? Orquestrado por quem? Levada essa ideia para quem? Vê sê eles tiveram essa ideia com as mulheres? “Vamos sair por aí e pegar todas as mulheres e vamos colocar essas mulheres no comando?”. Não, evidentemente que não. Como que você pode ter um congresso, que é o congresso mais conservador, o mais retrógrado de toda a história? Isso não foi de um dia para outro. Eles se reuniram e votaram numa estratégia, entendeu? E foram tomando o poder, fizeram uma bancada, uma maioria. Uma maioria que custa caro para o país. Em todos os sentidos. Ficam gritando lá no plenário. “Sua emenda veio? Não”. “A sua foi paga? Não”. “Então, o que a gente vai fazer?”. E assim são as conversas.

A Dilma não cedeu a isso. Pode dizer que ela era feia, chata, não conversava, isso e aquilo… Isso é motivo para o impeachment? Não, a gente sabe que não. Então, esse foi o golpe, é dessa forma. Eles se estruturam, eles têm maioria e é uma maioria com uma garganta desse tamanho, que não se incomoda de entregar esse país.

Começamos o semestre eleitoral. Como a senhora alerta o cidadão, o trabalhador, principalmente o servidor público, para pesar nesta campanha a importância das empresas públicas como fomentadoras de democracia com a inclusão da população? No que o eleitor deve estar atento neste ponto?

Olha, primeiro eu quero crer que qualquer servidor consciente, qualquer metalúrgico consciente, qualquer aluno da indústria naval, qualquer petroleiro, qualquer educador, educadora, toda essa base que o governo PT fortaleceu não vai entrar nessa do voto nulo, voto em branco, essa coisa toda. Eles sabem que para resgatar emprego tem que votar. Eles sabem que para retomar esse país tem que votar.

O que o povo tem que garantir é que haja eleição. Tem que garantir o Lula livre. Tem que garantir que o Lula possa ser candidato e disputar. Quem tem o mínimo de consciência, que sabe o que o Brasil está passando, o que nós estamos vivendo… temos que ir lá e dar o voto contrário a esse projeto de Brasil para poucos.

O PT homologa dia 15 de agosto a candidatura do Lula. A senhora acredita que ele possa ser candidato com a força desse golpe. Acredita que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai aceitar a candidatura?

No dia 15 de agosto nós vamos registrar a candidatura. Isso não é força, gente. Todo mundo sabe que esse golpe não é uma força. Força é se eles bancassem o Lula candidato e fossem disputar na urna com o Lula, entende? Aí, sim. Aí, eles iriam lá para mostrar a força deles. “Olha, Lula, você foi derrotado pelo povo, pelo voto”.

Nós vamos até as últimas consequências, no sentido jurídico e no sentido político, porque nós não estamos lidando só com o Judiciário. Nós estamos lidando com novos “partidos políticos”, que surgiram… é com partido político de toga e que a gente quer fazer essa disputa.

Caso o PT seja eleito reverá sua forma de governar, fazendo reformas cobradas inclusive por seus eleitores?

Vamos pensar, vamos repensar o Brasil. Nós estamos precisando de várias reformas, não apenas econômica. Nós estamos precisando de uma reforma política. Os sistemas não podem funcionar como eles estão funcionando, nem mesmo o sistema eleitoral. No Judiciário, essa questão do não cumprimento do habeas corpus do Lula acabou de vez, mas acabou de vez com a credibilidade que se podia ter no sistema jurídico brasileiro. Nós não podemos continuar com o sistema dessa forma: seletivo, partidário. Nós temos que resgatar a independência dos poderes. Nós temos que tirar esse monopólio existente na Comunicação, isso é uma coisa danosa, sempre foi. Nós precisamos ter um país que a democracia resgate a sua soberania.

Acabaram com a relação do trabalho. Estamos vendo um monte de gente reclamando de tudo nesse nada que está se tornando a relação de trabalho. Isso é perigoso. Há muito trabalho escravo. Temos as questões da terra também, essa coisa da liberação de agrotóxico nos alimentos é muito séria. Daqui a pouco é a nossa água, nossos recursos. Recentemente vi que o Brasil foi proibido de pesquisar uma substância originária do Brasil, patenteada pelos Estados Unidos. Gente, onde que nós estamos? Quem está a serviço da CIA aqui neste país? Tudo isso é preciso que a gente reveja nesse processo.

A senhora é candidata à reeleição como deputada federal? Quais os projetos da senhora, as propostas?

Eu não tenho um projeto individual. Eu continuo com o projeto nacional como deputada federal. Eu quero democracia para o meu país, quero soberania. O meu país estava indo muito bem antes do golpe. Nessa inclusão, o país estava tratando os brasileiros e as brasileiras com dignidade. É desse projeto que eu faço parte, é esse projeto que eu quero estar me dedicando, se eu for reeleita, se Deus quiser, com o Lula na Presidência.

Ele tem que retomar, refazer, começar as coisas novamente. Nós temos uma classe média que precisa tomar uma decisão na vida. Nós precisamos, esse setor de classe média, tomar decisão na vida, não continuar sendo recheio de sanduíche. Os pobres, nós sempre vamos ter conosco.

Essa campanha vai pegar principalmente o setor de classe média, que não é miserável, mas também não é rico. Então, é preciso que tenhamos uma liderança como Luiz Inácio Lula da Silva. O Lula é o cara do diálogo. Não pensa que ele governou sem diálogo. Ele dialogou com a sociedade e ele dialogou com o povo brasileiro em todos os seus segmentos: políticos, religiosos, empresariais, paupérrimos, miseráveis, da sarjeta. Como eles não precisam de uma liderança como essa, depois do caos que foi instalado nesse país com o golpe?

Acredita que os partidos de esquerda se unam em torno do Lula nestas eleições?

Nós estamos vivendo um certo extremo no qual a direita está fazendo qualquer coisa para impedir que o Lula chegue. E um outro extremo que nós temos é o da esquerda. Nós vivemos nos chicoteando. As nossas críticas, como não acumulamos força para ter uma crítica mais contundente, maior para a direita, nós fazemos entre nós mesmos. E nesse exato momento nós estamos cobrando coerência do PT. O PT errou, o PT tem que fazer autocrítica. Caramba! Estava ruim, muito ruim para a esquerda com o Lula e com a Dilma. Será que estava tão ruim assim? Será que a oposição sistemática não acabou alimentando a direita?

"Agora nós estamos vendo, com todas as críticas que se queiram fazer, que é hora da união. E a esquerda será cobrada no futuro se não se unir agora. Não é uma pessoa, é um projeto de nação que foi interrompido. E se continuar assim daqui a pouco acaba até o registro partidário".

Eu já falei que eu já saí do tronco há muito tempo. Não vou ficar aqui me chicoteando, vou dar tudo que tenho, tudo que posso nessa organização desses seguidores que querem o Lula livre, que querem não apenas herança, sei lá o quê, que eles possam conseguir caso o Lula não seja candidato, caso o Lula indique alguém. Eu vejo essa possibilidade. Quando eu falo, falo isso com grande certeza e convicção. Nós estamos no fio da navalha com o Lula.

Há relatos que a filiação ao PT está crescendo, a senhora tem esses números? Ou expectativa que o PT cresça nessas eleições?

Estão se filiando ao partido e eu tenho encontrado com gente: “Olha, me filiei ao PT, estou com o Lula”. Às vezes, eu confesso que tem momentos que eu chego em determinados espaços que fico meio tímida, eu digo: tudo coxinha, meu Deus do céu. Daqui a pouco vem um: “E o nosso Lula? Tem que tirar ele de lá, tem que tirar ele de lá. Lula tem que estar livre. Não, somos Lula. Lula tem que voltar”. Todos sabem disso! Não teve um presidente melhor. Agora, Lula não é Jesus Cristo, né? Deve ter cometido alguns erros como os erros que eu e todos cometemos diariamente.

Claro que tenho esperanças que o PT saia dessa eleição mais forte. Nós estamos passando por uma campanha. Vai ser uma campanha dificílima e o PT tem todos os motivos para ter uma candidatura. Porque é o maior partido, governou, está passando por essa rebordosa e tem o único projeto que pode confrontar essa direita. Agora, se nós ficarmos aqui achando que não, que não pode, que eles não vão deixar… Eu tenho a concepção de que, bem bíblica: “Dizei aos corajosos que marchem e aos covardes que fiquem, porque eu vou passar”. Essa é a nossa situação. Dia 15 nós estaremos lá. Nós faremos com que haja o registro de Luiz Inácio Lula da Silva, nós vamos lutar até o último momento. Juridicamente não tem nada, absolutamente nada que, do ponto de vista jurídico, da lei, possa inviabilizar o registro da candidatura do Lula.

Homologada a candidatura, o Lula fará a campanha da prisão?

Nós vamos fazer a campanha do Lula. O Lula disse uma coisa, por isso que o cara é iluminado. Ele falou: “Gente, se me prenderem, se me impedirem de andar, andarei com os pés de vocês. Se me impedirem de falar, falarei pela boca de vocês.” Não é isso que está acontecendo, minha gente? Nós somos milhões de Lulas. O Lula é uma ideia, o Lula é um projeto. Aí, você vai contra isso? A esquerda que tem que enxergar isso. Ela já fez com PT a disputa que ela tinham que fazer, porque a maioria dessa esquerda que hoje faz autocrítica saiu de onde, gente? Saíram da organização chamada Partido dos Trabalhadores, que foi um grande guarda-chuva para a esquerda brasileira.






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