Condsef/Fenadsef
Ao longo dessa semana, em diversos pontos do país, comunidades de várias etnias indígenas protestaram contra intenção do governo Bolsonaro de extinguir a Sesai (Secretaria de Saúde Indígena), ligada ao Ministério da Saúde (MS), e promover a municipalização da saúde indígena. Representante dos servidores da Sesai, Funai, MS e órgãos que lidam diretamente com políticas públicas de atendimento às comunidades indígenas, a Condsef/Fenadsef se soma a esses protestos. Essa está sendo uma semana de mobilização e resistência dos povos indígenas que, desde o início do governo Bolsonaro, têm sofrido com a aplicação efetiva das políticas de ataque defendidas por ele desde a campanha presidencial.
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Entidades como Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e Conselho Indigenista Missionário (Cimi) divulgaram notas de repúdio ao anúncio de extinção da Sesai. Especialistas, lideranças indígenas e servidores profissionais do setor consideram que a municipalização do atendimento a saúde pode representar um genocídio declarado aos índios.
A Sesai é fruto de uma conquista da luta dos povos indígenas. Foi criada a partir de um extenso debate que contou com representantes do Ministério da Saúde, Funasa, Funai e com participação de lideranças indígenas. O trabalho passou, inclusive, por um processo de consulta popular. Para a Condsef/Fenadsef, desmontar um trabalho que tem tanto respaldo junto aos próprios assistidos é mais uma grande irresponsabilidade que o governo Bolsonaro pode vir a cometer.
"Não há diálogo, apenas anúncios de decisões. Sem debate o que existe são decisões monocráticas", resumiu Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da Confederação. A entidade vai seguir cobrando abertura de um canal de diálogo permanente para tratar desse e outros assuntos que afetam diretamente sua base que representa a maioria do Executivo Federal. “Não concordamos com essa metodologia que diz que vai dialogar, mas impõem decisões”, pontua Sérgio. "Temos muito tecnicamente a contribuir e devemos ser ouvidos", reforçou.