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A realidade dos empregados da Ebserh no RS

Falta de EPIs, sobrecarga de trabalho e insegurança. O Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos Federais do RS (Sindiserf/RS) acompanha toda a situação através das representações sindicais


A realidade dos empregados da Ebserh no RS
Foto: Reprodução/UFPEL

Sintserf-RS

Em todo o Brasil, os empregados da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) enfrentam o cenário mais desafiador desde a criação da Empresa, em 2011. Além da suspensão das negociações do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2020-2021, a pandemia do novo coronavírus, o Covid-19, expos ainda mais as dificuldades enfrentadas pela categoria, como a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e a não participação dos empregados nos comitês gestores de crise que foram criados nos hospitais. Apesar da Empresa ter anunciado a contratação de 6.381 cargos temporários, o que foi considerado um avanço, ainda há as respostas evasivas da Ebserh que não conseguiram amenizar a ansiedade dos empregados com a situação de emergência sanitária provocada pelo atual cenário.

Aqui no Rio Grande do Sul, os empregados da Ebserh atuam em três locais: no Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr. da Universidade Federal do Rio Grande (HU-FURG) e no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel), no sul do estado e no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), na região central do RS. A realidade nestes locais não é diferente do restante do país, apesar da maioria dos casos de Covid-19 se concentrarem em Porto Alegre e na região metropolitana.

O Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos Federais do RS (Sindiserf/RS) acompanha toda a situação através das representações sindicais: Reginaldo Valadão, Jaques Boeno e Vera Regina da Rosa, que são também empregados da Ebserh, nestes três municípios. Na última semana, após longos e importantes debates com a assessoria jurídica da entidade, o Sindicato emitiu uma Nota Interna com orientações, direcionada especialmente às lideranças que atuam diretamente na base dos hospitais escola de Pelotas, Rio Grande e Santa Maria. O documento considera as realidades distintas enfrentadas nos três locais.

Representação da Ebserh no Comitê de crise em Rio Grande

No HU-FURG, logo no começo da crise foi realizada uma reunião com a gestão do Hospital e uma comissão de empregados da Ebserh e dos servidores do Regime Jurídico Único (RJU). Na pauta do encontro, assuntos como a liberação dos EPIs para os profissionais, infraestrutura, imunização e afastamentos dos trabalhadores. No Comitê de Crise do HU-FURG, que se dedica a conduzir os trabalhos de enfrentamento ao coronavírus, foi acolhida a representação dos empregados da Ebserh e dos servidores do RJU.

“Isso ajuda a garantir segurança e respeito a todos da linha de frente”, afirma o representante sindical da entidade, Reginaldo Valadão, ressaltando que ficou acordado uma rotina de distribuição de informações diárias.

“Toda e qualquer informação de conduta e orientação da gestão e comitê de enfrentando ao Covid-19 serão disponibilizados nos boletins diários das reuniões, disponibilizados no SEI, onde os trabalhadores RJU’s também poderão acessar, basta solicitar a senha no setor de TI. São, ainda, disponibilizadas via whatsapp, nos grupos dos trabalhadores, através dos representantes que integram o comitê”, conta.

Além disso, a gestão do hospital e os trabalhadores podem tratar diretamente com a chefia de setor a flexibilidade do horário de entrada e saída, respeitando a sua carga horária semanal. Reginaldo destaca que qualquer dúvida dos empregados é possível procurar a representação do Sindicato: “estaremos sempre à disposição de todos os empregados”.

Pautas atendidas em Pelotas

No HE-UFPel, as representações do Sindicato estão à disposição da categoria e para apresentar as contribuições ao Comitê de Crise, quando necessário. O enfermeiro e delegado sindical do Sindiserf/RS na cidade, Jaques Boeno avaliou como um erro não ter representação dos empregados no Comitê, já que isso foi negado pela gestão, mas ressaltou que as pautas encaminhadas estão tendo respostas, que são avaliadas pela representação sindical e por uma comissão de trabalhadores do Hospital.

Uma das demandas solicitadas é referente à falta de estrutura física nas áreas destinadas ao tratamento dos pacientes com diagnóstico confirmado ou suspeitos de Covid-19. “Havia apenas um banheiro unissex para os trabalhadores o que causou grande desconforto, pois tirava a privacidade e constrangia. O segundo banheiro já foi entregue, porém ainda está faltando alguns reparos. Outro problema que ainda persiste é a completa falta de adequação física na área da maternidade, que coloca em risco trabalhadores e pacientes”, afirma.

A falta de EPIs é a principal preocupação de todos, de acordo com ele. “Muitos colegas tem procurado o Sindicato para saber sobre isso, se podem se recusar a trabalhar se não tiverem os equipamentos de proteção adequados”, conta. Por outro lado, em Pelotas, há participação das entidades sindicais em campanhas para a confecção de EPIs, e as lideranças locais tem autonomia para participar e auxiliar em campanhas que visem arrecadar ou, por outros meios, visem buscar a proteção dos trabalhadores.

O Sindicato ingressará com uma ação judicial como meio de garantir segurança para os trabalhadores executarem suas funções, por isso Jaques reforça a importância de buscarem a informação correta. “Qualquer dúvida que os trabalhadores tenham é imprescindível que procurem a gestão hospitalar e o Sindicato”, disse ele.

Para Jaques, é normal que os profissionais fiquem ansiosos, pois todos estão passando por uma situação nova. “Porém, é necessário mantermos a calma”, garante ele que chegou a ser afastado por apresentar sintomas de Covid-19, após retornar de uma reunião em Brasília, testado, o exame deu negativo e o enfermeiro já voltou ao trabalho.

Alta demanda preocupa Santa Maria

Já no HUSM, um dos destaques é a alta demanda, pois o hospital é referência para 45 municípios da região central do Estado. A grande dificuldade dos profissionais no combate à COVID 19, como em outras unidades, é a falta de EPIs, principalmente dos protetores faciais.

“Sabemos que esta é uma demanda mundial”, pondera a delegada regional do Sindiserf/RS, Vera Regina da Rosa. Ela informa também que muitos empregados estão fazendo horários alternativos, conforme solicitação da coordenação de enfermagem, de 12 horas por dia com compensação de 24 ou 48 horas, devido à demanda.

“Nossos profissionais que já trabalhavam em condições precárias, com jornadas de trabalho sobre carregadas e salário defasados, agora há outro desafio, enfrentar um inimigo invisível”, declara a dirigente.

De acordo com ela, há um esforço das chefias e da direção do HUSM em adequar a instituição e seus servidores perante as atuais necessidades, disponibilizado plataformas virtuais de cursos, capacitações e viabilizando as orientações para a contenção da pandemia.

Porém, Vera acredita ser fundamental que os hospitais disponibilizem apoio ou acompanhando psicológico para os profissionais que estão na linha de frente. “Manter o equilíbrio, a estabilidade emocional mediante o caos, gerenciar os pensamentos, cuidar do bem estar e manter a integridade física é muito importante neste momento”, avalia.

A Ebserh – criada por meio da Lei nº 12.550, de 15 de dezembro de 2011, como uma empresa pública vinculada ao Ministério da Educação (MEC). A Ebserh é maior rede de hospitais públicos do Brasil. Suas atividades unem dois dos maiores desafios do país, educação e saúde, melhorando a qualidade de vida de milhões de brasileiros, por meio da atuação de uma rede que inclui o órgão central da empresa e 40 Hospitais Universitários Federais (HUFs), que exercem a função de centros de referência de média e alta complexidade para o Sistema Único de Saúde (SUS) e um papel de destaque para a sociedade.






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