Home > Notícias > 22/09 – População deve estar vigilante para que legado da Copa não seja o do fortalecimento da corrupção

22/09 – População deve estar vigilante para que legado da Copa não seja o do fortalecimento da corrupção

A menos de mil dias para o início da Copa de 2014 a sensação da maioria é de que dificilmente tudo estará pronto e a contento para que o Brasil sedie a “festa do futebol”. Esta semana, e com alguns meses de atraso, o governo enviou ao Congresso Nacional o projeto da Lei Geral da Copa. A previsão é de que ele seja aprovado só no final do ano. Até lá, muito ainda precisa ser debatido. A Condsef defende que este debate garanta a ampla participação da sociedade, interessada maior em que as verbas públicas destinadas à consolidação desta Copa não sirvam de trampolim para o fortalecimento da corrupção. Para a entidade, a população não pode ser penalizada em nome da realização desta atividade esportiva. Para que o legado da Copa de 2014 beneficie a população brasileira, os investimentos feitos para isso não podem servir apenas para enriquecer empresários. É preciso que a população cobre e fique vigilante aos processos e exija melhorias que favoreçam a grande maioria em longo prazo.


 

Para além de determinações e exigências da Fifa, a Lei Geral da Copa precisa assegurar a transparência em licitações e na divulgação dos investimentos públicos que estão sendo feitos para garantir a infraestrutura necessária para que o Brasil não faça feio como sede do maior evento esportivo mundial. Em poucos meses, os investimentos em projetos para a Copa já aumentaram em quase 28% do que era previsto inicialmente para custear todas as obras que envolvem o evento. Um dos principais responsáveis pelo aumento do investimento público está na aprovação da construção do estádio do “Itaquerão”, em São Paulo. O BNDES deve custear quase R$ 1 bilhão para a realização deste projeto. Outro exemplo que ampliou em mais de 88% a expectativa de investimentos é o estádio do “Beira Rio” em Porto Alegre.

Privatizações na mira do TCU – Quem também já sente os impactos de políticas que tentam evitar um fiasco na Copa de 2014 são os aeroportos. Em Decreto publicado no final de julho, o governo já incluiu três no Programa Nacional de Desestatização (PND): Guarulhos, em São Paulo (SP), Viracopos, em Campinas (SP) e Presidente Juscelino Kubitschek, em Brasília. Para piorar, uma medida provisória (MP 489) que concede à Infraero a possibilidade de contratar obras sem necessidade de licitação é contestada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Apesar de o governo negar que a Infraero vá realizar obras sem licitação, fato é que a proposta para flexibilizar regras para a execução de obras para a Copa 2014 e Olimpíadas 2016 abre perigosas brechas para que a estrutura para sediar a Copa fique pronta a qualquer custo. O modelo privatista apoiado pelo governo traz conseqüências desastrosas aos usuários que terão que arcar com tarifas mais caras.

A falta de uma política de Estado forte vai cobrar sua conta justamente daqueles que já pagam caro por ela: a população brasileira. A tentativa de apagar incêndios nos setores essenciais para promover uma copa do mundo deve expor as fragilidades de um país que tem se mostrado mais preocupado com aparências que com o bem-estar de seu povo. No atual modelo de investimentos adotado no Brasil, ainda que continue pagando muito e mais caro, a população nunca terá acesso a serviços de qualidade.

Fato é que até aqui o mundial não tem se mostrado um bom negócio para a maioria dos brasileiros. Aliados a atuações pífias da seleção canarinho, os esforços promovidos para fazer desta a melhor Copa dos últimos tempos esbarra em muitas traves e provoca a sensação de que tantas “bolas fora” vão deixar marcas profundas. Para que o Brasil pós Copa não deixe cicatrizes e heranças perversas para a população, é preciso vigília de todos para que se assegure que além de um bonito espetáculo para o mundo, o país faça bonito para aqueles que de fato estão arcando com a maior parcela de investimentos nesse grandioso projeto: o povo brasileiro.






NOSSOS

PARCEIROS