Quem já viajou de avião sabe que a maioria dos tripulantes normalmente tenta agir de maneira prestativa, mesmo se as empresas aéreas muitas vezes tratam passageiros com descaso e arrogância.

Por que Samantha Vitena, estudante de mestrado da Fundação Fiocruz, foi retirada por força policial de um voo da Gol que fazia a rota Salvador-São Paulo?

Segundo nota da empresa é porque ela "não aceitou a colocação da sua bagagem nos locais corretos e seguros destinados às malas".

É Mentira! Como provam os testemunhos e vídeos publicados. (https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2023/04/29/mulher-e-expulsa-de-voo-apos-se-recusar-a-despachar-mochila-testemunha-acusa-companhia-aerea-de-racismo.ghtml)

Ela teve dificuldade de acomodar sua mochila porque os bagageiros estavam lotados - é assim desde que o Congresso Nacional autorizou a selvagem cobrança, por fora do bilhete aéreo, de bagagens e acentos com a falsa promessa de que haveria redução nas tarifas.

Depois de confrontada por tripulantes, ela contou com a ajuda de outros passageiros -e, sim, conseguiu acomodar sua mochila "nos locais corretos e seguros destinados às malas".

Não foram os tripulantes que a auxiliaram, mas outros passageiros.

A bagagem já estava "nos locais corretos e seguros destinados às malas" e mesmo assim a aeronave não decolou.

Passou-se uma hora até que policiais viessem retirá-la, segundo a informação, "por ordem do comandante".

Por quê?

Seria apenas para mostrar que mulheres negras estão destinadas a um "local correto e seguro" onde devem ser colocadas de modo a não perturbar "a ordem natural das coisas"?

O Ministério Público tem a obrigação de investigar o caso para que não haja novas vítimas.

* Edison Cardoni é diretor da Condsef/Fenadsef