Uma hipocrisia sem tamanho e um denuncismo inescrupuloso. É assim que podemos definir a reportagem veiculada na última edição da Revista Veja que, como é de conhecimento público, representa os interesses da mais alta elite dominante brasileira, que sempre esteve no poder central e nunca cuidou de resolver os problemas sociais do País. A reportagem é sobre um projeto que se encontra no Senado e trata do imposto sindical. Para quem não conhece, esse imposto se refere ao desconto, feito uma vez por ano, de um dia de serviço do trabalhador, e a maior parte desse desconto é repassado para os sindicatos e a outra fatia vai para o governo federal.

Primeiramente, o Sindsep vem a público repudiar tal reportagem, que não teve o menor cuidado de investigar de forma idônea e imparcial  - isso já é uma praxe em Veja -  a exata realidade do movimento sindical. O Sindsep, assim como outras entidades que não foram citadas em Veja, é totalmente contra a cobrança do imposto sindical, tanto que nenhum servidor federal de Pernambuco tem descontado um dia de serviço uma vez no ano. Não praticamos o imposto sindical.

Pelo contrário. Toda a receita da entidade é referente à arrecadação da mensalidade de seus associados. Além disso, anualmente é feita uma assembléia ordinária, aberta a qualquer servidor sindicalizado, onde são colocadas todas as receitas e despesas do Sindsep. De forma transparente, essas pessoas votam pela aprovação dos números apresentados. Se há entidades sindicais que não são corretas, o Sindsep defende que as irregularidades sejam apuradas e os culpados punidos. Não é função de Veja fazer esse julgamento.

Mesmo abrindo mão do imposto sindical, o Sindsep defende um debate amplo sobre a aplicabilidade desse desconto, já que muitos sindicatos sérios, mas que não têm grandes estruturas, encaminham a luta de sua categoria a partir dessa arrecadação. Não se pode, de forma unilateral e sem uma contrapartida, acabar a fonte de renda da luta de algumas categorias de trabalhadores. É preciso uma discussão detalhada para que se possam apontar alternativas para a problemática em questão.

Outro ponto da reportagem de Veja é quanto à atuação dos sindicalistas em suas entidades. A Revista tenta desclassificar essas pessoas e ainda as acusa de receber salário. Mais uma inverdade. O trabalho de um sindicalista é totalmente voluntário. Não há nenhum benefício financeiro. Alguns poucos, no máximo, são liberados dos seus postos de serviço para ficarem à disposição da luta do seu sindicato.

Também está no rol do denuncismo de Veja a participação de ex-sindicalistas no atual governo. Sem entrar no mérito da discussão sobre o fato, o Sindsep deixa claro que isso é uma prerrogativa exclusiva de quem está no poder, que tem a opção de escolher os seus auxiliares. Mas, por que Veja nunca questionou o fato de banqueiros, industriais, empresários, executivos de alto escalão, ou qualquer outro setor que representa a elite brasileira virarem ministros e assessores de ex-presidentes que tiveram suas origens na classe dominante?

Ao invés de acusar irresponsavelmente representantes da classe trabalhadora, que lutam pelos direitos dos trabalhadores e pela melhoria da qualidade de vida de toda a sociedade, Veja deveria assumir sua condição enquanto representante da ala mais preconceituosa e radical da direita brasileira.

A direção do Sindsep-PE