Em qualquer campanha salarial, de qualquer categoria, a chegada de uma proposta patronal sempre provoca dúvidas e necessita muita reflexão e debate na base, sobretudo quando NÃO é uma migalha ou “reajuste zero”, como vimos na EBSERH nos últimos anos, inclusive com a tentativa de alterar a forma de cálculo da insalubridade para deixar de ser sobre o vencimento básico para passar a ser sobre o salário mínimo o que reduziria a remuneração dos empregados em mais de 30%.

Tem espaço para melhorar?  Devemos aceitar ou vale insistir e reforçar a mobilização? Fazer uma greve forte em nível nacional conseguiria arrancar mais? Será que vale a pena? E se aceitarmos uma parte, mas exigirmos melhorias em tal ou qual aspecto? Não seria um bom caminho? A direção do sindicato não está muito otimista? Ou, ao contrário, não estaria demasiadamente pessimista?

É inevitável e absolutamente normal e mesmo desejável que surjam essas e muitas outras opiniões, diversas e conflitantes, o que é próprio da democracia e que é precisamente a força da mobilização coletiva.

Nenhuma opinião pode ser condenada. Todas têm pleno direito e legitimidade para se colocar e devem ser respeitadas. Ninguém pode ser acusado de “atrasado” por querer aceitar uma proposta do mesmo modo que não pode ser tachado de “aventureiro” quem defenda uma greve para arrancar mais do patrão.

Nas condições políticas em que vivemos, o caminho para uma avaliação franca e democrática sobre a proposta apresentada pela direção da Ebserh está sendo bloqueado por setores mais preocupados em atacar a Condsef do que discutir as melhores alternativas para a categoria.

O pior político é aquele que afirma que não faz política e veste pele de cordeiro para esconder suas garras de lobo. A violência verbal contra a Condsef, apenas revela o desespero de quem sabe que está mentindo e enganando a categoria. São os que negam a democracia e negam o direito de os trabalhadores se organizarem livremente. Eles defendem a interferência do Estado e dos patrões na vida sindical, daí a raíz dos ataques à Condsef.

Sim, a Condsef e suas entidades filiadas foram as ÚNICAS que assumiram a responsabilidade de organizar os empregados da empresa e conduziram greves importantes em todo país e que ajudaram os empregados da Ebserh a se constituir como categoria.

Sim, a Condsef é contra o imposto sindical, é independente dos patrões e do governo, mas não é indiferente ao que acontece no país, por isso mesmo combate a reforma sindical, a reforma da previdência o arrocho orçamentário do “arcabouço fiscal”, defende a democracia e é solidária com as lutas de todos os trabalhadores.

Sim, todas as decisões da Condsef são adotadas a partir da livre e democrática deliberação da base, sem sindicalismo de cúpula e de conchavos com patrões.

Por trás dos ataques à Condsef está não a preocupação com os direitos e conquistas dos trabalhadores, mas, sim, uma tentativa de alinhar a categoria aos desígnios dos que tentaram dar um golpe de estado em 8 de janeiro e que continuam serpentando entre os trabalhadores.

É preciso restaurar a discussão livre e democrática integrando todas as opiniões contraditórias, condição para construir a unidade. Discutir se o índice é aceitável ou não. Se e porque é correto ou não retirar os embargos de declaração do TST no quadro de um acordo. Se uma pressão adicional poderia ou não impor ao governo a melhoria da proposta de reajuste. E todas as demais questões referentes ao acordo coletivo.

É hora de rejeitar toda confusão e construir o melhor caminho para os debates do ACT.

Edison Cardoni é diretor da Condsef/Fenadsef