A situação vivida pela população brasileira é alarmante: o que estamos vivenciando é um verdadeiro ataque do governo contra seu próprio povo em diversas formas mas, neste momento, o que nos salta aos olhos é a questão do trabalho e dos serviços públicos no Brasil.

?Diante de uma forte crise econômica – fruto de uma péssima gestão do governo – o bode expiatório escolhido foi o servidor público.  A verdade é que o Brasil sempre teve um déficit de trabalhadores públicos, porém o que o governo diz é justamente o contrário: temos servidores além do que deveria e por isso os serviços públicos são os maiores responsáveis pela crise fiscal do Brasil ( quando, repito, isso se deve à má gestão e, claro, à corrupção de diversos gestores).

Desde minha adolescência sonhava em ser psicólogo da rede pública de saúde ou assistência social. Sempre achei um trabalho bonito para seguir. Terminei a graduação não sem muito esforço, estudei noites a fio para concursos públicos e, enfim,passei num concurso e seria chamado em breve.

Porém, quanto faltava pouco para ser nomeado,o presidente, junto de seu ministro da Economia, Paulo Guedes, elaboraram a lei 173 que determina que servidores públicos só poderão ser chamados a partir de 1 de janeiro de 2022.

Essa lei foi uma ofensiva franca àqueles que Guedes considera seus inimigos ( o mesmo já chamou “carinhosamente” todos os servidores públicos desse país de “parasitas”). Agora estou sem trabalho, dependendo do auxílio emergencial do governo para pagar as contas. A ofensiva de Guedes me pegou em cheio mas, claro, não somente a mim: milhares se encontram na mesma situação.

Já conversei com outros tantos aprovados em concursos impedidos de trabalhar pelo governo e, claro, a fala de todos nós é a mesma: forte abalo emocional e psicológico depois dessa “granada” que o governo jogou em cima dos trabalhadores e estudantes do país. Mas a ofensiva não para por aí: a reforma administrativa está a plenos pulmões e o que propõe esta matéria é algo inimaginável: simplesmente o desmonte completo dos serviços públicos da população. A reforma propõe o fim da estabilidade nos jogando à mercê de políticos cada vez mais poderosos, amplia a possiblidade da iniciativa privada tomar os serviços públicos e também abre margem para uma terceirização massiva dentro do funcionalismo público.

?O ex-presidente Michel Temer aprovou em 31 de março de 2017 o que ficou conhecido como “lei da terceirização” a qual permite a terceirização profissional tanto da atividade fim quanto da atividade meio. Isso faz todos nós chegarmos a uma conclusão assustadora: a precarização do trabalho no Brasil é um projeto. Um projeto planejado já há alguns anos.

?Nesses momentos eu me consolo com a canção do Chico Buarque “Apesar de você amanhã há de ser outro dia…”

* ?João Marcos de Campos Silva é psicólogo clínico; membro do Movimento Contra à Reforma Administrativa

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Noti-América/Brasil