No dia 29 de junho, o jornal Estado de Minas, no caderno EM Cultura, na coluna HIT, assinada por Helvécio Carlos e Mário Fontana, foi publicada a seguinte nota:

“Burocracia

Já não me lembro de quem ouvi a opinião, mas estava certo quem disse que boa parte dos jogadores da Seleção Brasileira está se comportando como funcionário público, já chateado com a carreira. Batem o ponto antes de entrar em campo, colocam o paletó na cadeira e se prontificam a fazer as tarefas do dia de acordo com as tendências do momento. É claro que estão acertando no fechamento dos relatórios. Com a ajuda de Deus, dos santos anjos, juízes e da sorte amiga. Enfim, o que fazer? Rumo ao hexa!”

A AAFIT/MG enviou correspondência com a seguinte resposta:

Belo Horizonte, 29 de junho de 2006

Ilmos. Senhores

Helvécio Carlos e Mário Fontana
Colunistas do Estado de Minas

Prezados Senhores,

Na coluna HIT, publicada hoje (29/06) no jornal Estado de Minas, Caderno EM Cultura, sob o subtítulo Burocracia, Vs. Sas. fazem grosseira comparação de jogadores de futebol da Seleção Brasileira com funcionários públicos.

A visão apresentada é extremamente preconceituosa e estereotipada. Repete o discurso oficial de denegrir a imagem de uma classe trabalhadora que vem sendo deliberadamente achincalhada ao longo de anos. O próprio governo, ou governos, têm se encarregado de disseminar um discurso falacioso, que pode ser desconstruído pela realidade dos fatos, mas que, repetido à exaustão, passa por verdade. A mídia, ao nosso ver, não poderia repetir este discurso fácil, sob pena de não cumprir sua função primordial de bem informar e esclarecer a população.

Brevemente, informamos a Vs. Sas. que a grande maioria do funcionalismo federal não tem reajuste salarial há mais de uma década, acumulando perdas tão grandes que comprometem o padrão de vida e saúde de milhões de famílias brasileiras.

A reposição dos quadros funcionais não tem sido feita, acarretando um processo gravíssimo de terceirização que, este sim, compromete a qualidade dos serviços prestados, uma vez que os critérios para contratar estes trabalhadores não são técnicos. Registre-se que a grande maioria dos casos de corrupção detectados envolvem funcionários terceirizados ou detentores de cargos de confiança.

Os servidores públicos concursados submetem-se a pesadíssimos concursos, que garantem ao serviço público alta qualificação técnica. São os servidores públicos concursados, a duras penas, que conseguem imprimir avanços à administração pública, implantar projetos ousados e que ganham projeção internacional, muitas vezes por esforço próprio, sem apoio dos governos ou do Estado.

Cabe ressaltar, senhores, que em todas as profissões, inclusive no jornalismo, há bons e maus profissionais. Não podemos, entretanto, generalizar o comportamento de alguns projetando-o para a maioria.

Solicitamos, pelo exposto, que a infeliz comparação seja retificada nesta coluna, o quanto antes, restabelecendo o respeito aos servidores públicos em níveis federal, estadual e municipal.

Atenciosamente,
José Augusto de Paula Freitas
Presidente da AAFIT/MG